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sexta-feira, dezembro 28, 2012

Literacia mediática associada aos princípios do jornalismo


«Os princípios do jornalismo nascem da função que a informação representa na vida das pessoas. Neste sentido, são uma declaração de direitos dos cidadãos, ao mesmo tempo que uma declaração de responsabilidades dos jornalistas. Na medida, porém, em que a difusão de informação própria e do comentário a assuntos de actualidade e às opiniões de outros aumenta, crescem também as responsabilidades éticas dos que intervêm no processo, do lado da cidadania. O conhecimento e exercício destes direitos e responsabilidades devem integrar a formação não apenas dos jornalistas mas também dos cidadãos, no quadro mais vasto e desejável de uma literacia mediática que proporcione o uso crítico, esclarecido e criativo da informação jornalística e dos media».

Este é o teor do Princípio nº 11 e derradeiro do documento "Para Uma Carta de Princípios do Jornalismo na Era da Internet", recentemente apresentado em Lisboa. É talvez a primeira vez que, entre nós, se estabelece, de modo claro e formal, a relação entre as responsabilidades éticas do jornalismo e "uma literacia mediática que proporcione o uso crítico, esclarecido e criativo da informação jornalística e dos media».

Recomenda-se uma leitura atenta do documento (AQUI). Transcreve-se, de seguida, a súmula de cada um dos 11 pontos:
  1. A primeira obrigação do jornalismo é a busca da verdade e a sua publicitação.
  2. O jornalismo deve manter-se leal aos cidadãos, estimulando o debate e a construção de opinião
  3. A essência do jornalismo assenta na verificação da informação e no confronto de fontes e de versões
  4. O jornalismo deve escrutinar os diferentes poderes. Aqueles que o exercem devem ser independentes em relação às pessoas, organizações e acontecimentos que cobrem
  5. O jornalismo deve tornar interessante o que é relevante e procurar no que é interessante ou mobiliza a atenção dos cidadãos o que é importante e significativo
  6. A produção jornalística deve seguir princípios de rigor, isenção, clareza, abrangência e proporcionalidade, e deve empenhar-se em dar voz e visibilidade a cidadãos, grupos e comunidades mais esquecidas
  7. Os jornalistas devem ser livres de seguir a sua consciência
  8. O jornalismo deve ser transparente e favorecer o debate público das suas opções e práticas e o escrutínio das ligações, interesses e poderes que o suportam
  9. O jornalismo deve adaptar-se às diferentes plataformas informativas e interagir com a diversidade de actores presentes no ambiente comunicacional, integrando as suas vozes no processo de produção profissional de narrativas noticiosas e de opinião
  10. Inovações empresariais e tecnológicas no ecossistema informativo devem ser feitas com respeito por padrões de exigência profissional e no quadro ético e deontológico em vigor numa imprensa livre e democrática
  11. Os cidadãos têm direitos e responsabilidades, no que diz respeito à informação noticiosa.

segunda-feira, novembro 05, 2012

«Pedagogies of Media and Information Literacy» acaba de sair



A UNESCO, através do seu Institute for Information Technologies in Education, acaba de publicar o manual «Pedagogies of Media and Information Literacy».
Pretende ser um instrumento de apoio nas instituições de formação de formadores e de facilitação do ensino e aprendizagem da literacia informativa e mediática.
Relacionado com este assunto vale a pena consultar também
- 'Media Literacy and New Humanism';
- 'Media and Information Literacy Curriculum for Teachers' (traduzido em várias línguas).

domingo, setembro 23, 2012

Dia Internacional da Literacia celebrado em Lisboa


Celebrar o  Dia Internacional da Literacia, promovida anualmente pela UNESCO no dia 8 de
setembro e assinalar o encerramento da Década das Nações Unidas sobre Literacia: Educação
para Todos (2003-2012) e  consciencializar a sociedade portuguesa para a  importância  e
pluralidade da literacia são as finalidades da jornada que amanhã se realiza em Lisboa, numa iniciativa da Comissão Nacional da UNESCO, do Plano Nacional de Leitura e da Sociedade de Gepografia de Lisboa.

É o seguinte o programa:

14h30 – abertura pelo Presidente da SGL, prof. catedrático Luís Aires-Barros.
14h40  – palavras iniciais pela escritora e  prof.ª  catedrática Helena Carvalhão Buescu da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

15h15 – colóquio “A Literacia em Portugal e no Mundo”, sob a presidência da prof.ª doutora
Maria Calado, docente, investigadora e Vice-Presidente do Centro Nacional de Cultura, com
as intervenções seguintes:

“A Literacia no Mundo: o Papel das Nações Unidas”,  mestre Mónica Ferro,  deputada,
doutoranda em Relações Internacionais  e docente do  Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas.

“A Literacia em Portugal”:
(a) “O Estado da Literacia em Portugal”,  prof.  doutor António Firmino da Costa,  ViceReitor  e docente  do  ISCTE/IUL e  investigador do  seu  Centro de Investigação e
Estudos de Sociologia.
(b) “O Plano Nacional de Leitura”, prof. doutor Fernando Pinto do Amaral, poeta, docente
e Comissário do Plano Nacional de Leitura.
(c) “Literacia e Saúde”, dr. Francisco George, Diretor-Geral da Saúde.
(d) “Conhecimento Científico e Literacia”, dr.ª Rosalia Vargas, Presidente da Ciência Viva
– Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.

(e) “Os Mitos Científicos na Literacia do Oceano”, dr.ª Carla de la Cerda Gomes,
educadora marinha do OMA – Observatório do Mar dos Açores.
(f) “A  Literacia e  os  Media”,  jornalista e  prof.  catedrático Manuel Pinto,  docente  da
Universidade do Minho e investigador do seu Centro de Estudos de Comunicação e
Sociedade.

17h00 – encerramento pelo Comissário do PNL,  prof. doutor Fernando Pinto do Amaral, pelo
Presidente da CNU, emb. António de Almeida Ribeiro e pelo Presidente da SGL.

quarta-feira, maio 02, 2012

Literacia mediática: exercício

Analisa atentamente este cartoon.


Possíveis vias para a análise:
- Autor: quem é, que faz, onde publica
- Contexto: país, situação presente
- Estilo gráfico
- Protagonistas: idades, relação entre eles
- Elementos simbólicos
- Conceitos e mensagem(s).

(Via: Luís António Santos)


terça-feira, janeiro 31, 2012

Dossiê sobre educação para a cultura informacional


O INA - Institut National de l'Audiovisuel acaba de publicar mais uma edição dos "e-dossiers de l'audiovisuel" dedicado à "educação para as culturas da informação". A edição foi coordenada por Divina Frau-Meigs (Sorbonne Nouvelle), Éric Bruillard (ENS Cachan) et Éric Delamotte (Université de Rouen), juntando 12 contributos que, de algum modo, prolongam um outro dossiê dedicado à educação para os media, publicado há um ano.

Apresentando esta nova publicação, os coordenadores sublinham a importância da temática deste modo:
"(...)La prise en compte de la culture de l’information, conçue comme un enjeu culturel, démocratique et économique majeur de l’ère numérique, revêt des sens très différents selon les disciplines mises en dialogue ici, l’informatique, la documentation, l’information-communication, avec l’appui des sciences de l’éducation. Le besoin de clarification épistémologique se fait sentir d’autant plus que les pratiques des jeunes sur les réseaux créent des confusions problématiques (liberté d’expression, propriété intellectuelle, vie privée). D’où la confrontation des définitions développées par les chercheurs des disciplines impliquées pour clarifier le périmètre du terme « information », repérer les notions-frontières et les concepts-relais, et pour établir des passerelles permettant de négocier les complémentarités entre les divers champs. À travers les nouvelles configurations des compétences et des pratiques et leurs retombées pour l’éducation, se dessine aussi une « translittératie » partagée, entre les pratiques empiriques anglophones et les recherches transdisciplinaires et didactiques qui font l’originalité de l’approche française. Alors que des approches segmentées sur l'information président à l'organisation de la recherche, ce dossier plaide pour une approche intégrée des cultures de l'information".
São os seguintes os textos que compõem este e-dossiê:

LA RADICALITÉ DE LA CULTURE DE L’INFORMATION À L’ÈRE CYBÉRISTE

terça-feira, janeiro 10, 2012

Seminário com Evelyne Bévort e Pérez-Tornero sobre "A educação para os media como via de leitura crítica do mundo actual"

Por ocasião do 30º aniversário da Declaração de Grünwald sobre Educação para os Media, vai realizar-se no próximo dia 20, um seminário com Evelyne Bévort, directora-adjunta, com o pelouro da cooperação internacional, do CLEMI – Centre de Liaison de l’Enseignement et des Moyens d’Information, do Ministério francês da Educação e com Jose Manuel Pérez-Tornero (Universitat Autònoma de Barcelona) sobre “A educação para os media como via de leitura crítica do mundo actual”.

O evento realiza-se na Sala de Actos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, a partir das 14h30 e é organizado pelo Projeto 'Navegando com o Magalhães: Estudo do Impacto dos Media Digitais nas Crianças' (FCT: PTDC/CCI-COM/101381/2008 e COMPETE: FCOMP-01-0124-FEDER-009056) com o apoio de: Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação; Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, GT de Comunicação e Educação da SOPCOM; e GACCUM - Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da UM.

De referir que a Declaração de Grünwald foi aprovada unanimemente pelos representantes de 19 nações durante o Simpósio Internacional sobre Educação para os Media organizado pela UNESCO, na cidade de Grünwald, na então República Federal da Alemanha, em 22 de Janeiro de 1982.

O texto completo da Declaração de Grünwald, baseado na tradução feita pelo Centro Internacional de Referência em Mídias para Crianças e Adolescentes, está disponível aqui.

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Literacia Mediática: para onde vamos?


Que irá o Governo e a Assembleia da República e que iremos todos nós fazer da Recomendação sobre Educação para a Literacia Mediática, que o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou em Dezembro último?
Um facto para já a reter foi o silêncio de chumbo que os media impuseram ao assunto, quer aquando da aprovação, no plenário do CNE de 7 de Dezembro, quer aquando da publicação da versão final do parecer, no dia 30 seguinte. A conclusão é óbvia: o facto de o conjunto dos parceiros educativos tomarem uma posição em que recomendam uma maior atenção das instâncias educativas ao ecossistema informativo e mediático não motiva os media nem os irrita nem lhes diz respeito. Em suma, não interessa - nem aos media sensacionalistas, que vivem da futilidade, nem aos que se dizem de qualidade. Quem divulgou a notícia foi um ou outro blog, algum departamento oficial, algum sindicato e ponto final. Admitamos que não foi desinteresse, mas antes distração (deles) ou incapacidade (nossa) de lhes ‘vender eficazmente o produto’.
Mas será que nos destinatários primeiros da Recomendação – o Parlamento e o Ministério da Educação - haverá mais receptividade? É cedo para avaliar. Em todo o caso, o que se possa fazer da Recomendação não depende apenas do poder político.
O Governo anterior apostou essencialmente na tecnologia e na massificação dos computadores e do acesso à Internet, descurando o que do ponto de vista educacional mais necessário era: saber procurar e validar as ‘toneladas’ de informação disponível, mediante a ponderação da sua pertinência e fiabilidade e saber lidar criticamente com o universo mediático e digital. O actual Governo pôs em marcha alterações curriculares que, segundo o CNE, “vão no sentido da redução de custos, de professores, de disciplinas, de áreas curriculares não disciplinares e de aprendizagens transversais”, o que leva o Conselho a “chamar a atenção para o facto de haver hoje aprendizagens fundamentais que requerem uma abordagem mais reflectida e aberta do currículo”.
As artes, o pensamento e as culturas, a comunicação e os media parecem afastadas das preocupações dominantes. A pergunta que se coloca é esta: serão essas matérias secundárias, na formação para a vida e para a invenção de caminhos que permitam enfrentar eficazmente a crise que vivemos?

(Texto publicado hoje no diário digital da RR, Página 1)

segunda-feira, dezembro 19, 2011

Em primeira mão
Recomendação do CNE sobre Literacia Mediática

O Conselho Nacional da Educação, que congrega a generalidade dos parceiros do sector, acaba de aprovar um documento intitulado "Recomendação sobre Educação para a Literacia Mediática", que foi dirigido ao Governo e à Assembleia da República.
O facto merece especial realce no momento em que o Ministério da Educação acaba de pôr em debate público, até ao fim de Janeiro,uma proposta de revisão curricular dos ensinos básico e secundário.
Esta tomada de posição, que, se segue a diversas iniciativas que foram pontuando o percurso deste órgão, estende-se por 18 páginas, incluindo um ponto que preconiza as medidas seguintes,
"dada a importância que a comunicação mediática hoje tem e se antevê que cada vez mais tenha":
  • 1. Que se promova a Literacia Mediática entendida como um conjunto de saberes e capacidades relativos às três dimensões de acesso, compreensão crítica e utilização criativa e responsável (Ver ponto 2. desta Recomendação - Conceito adoptado);
  • 2. Que se garanta a formação (técnica e pedagógica) de professores, responsáveis de bibliotecas e centros de recursos e outros agentes educativos, estudando-se as possibilidades de prossecução das actividades de formação já iniciadas e programadas pelo Plano Tecnológico da Educação e de adaptação e divulgação do currículo proposto pela UNESCO para agentes educativos – entre outras medidas formativas indispensáveis;
  • 3. Que se proceda à inserção organizacional e curricular da Educação para a Literacia Mediática na Educação para a Cidadania, através de aprendizagens transversais (competências processuais) em todas as disciplinas e de aprendizagens específicas, a trabalhar em disciplinas e nas Áreas Curriculares Não Disciplinares apropriadas (Formação Cívica); que essa inserção organizacional e curricular seja dinamizada por um professor coordenador;
  • 4. Que se estude e avalie as necessidades de aprendizagem técnica dos alunos, tendo ainda em conta necessidades específicas de alguns alunos e do Ensino Especial, em articulação com a continuidade do esforço de equipamento das escolas, sua manutenção e actualização;
  • 5. Que se fomentem as oportunidades de aprendizagem extra-curricular de Educação para a Literacia Mediática;
  • 6. Que se estabeleçam parcerias nos planos local, nacional e internacional, entre entidades preocupadas com a educação para a literacia mediática, designadamente bibliotecas, e os próprios media, e se apoiem iniciativas relativas aos media promovidas por essas entidades (por exemplo com a criação de Um Dia Com Media nas escolas no dia 3 de Maio, consagrado internacionalmente à Liberdade de Imprensa);
  • 7. Que se apoiem estudos e investigações relativos à Educação para a Literacia Mediática, articulando esforços com outros parceiros da área, designadamente, colaborando na criação de um Observatório sobre Educação para os Media;
  • 8. Que se invista numa formação que abranja um público mais alargado, com prioridade para certos grupos-alvo como os idosos, pessoas com deficiência, pais, minorias e grupos desfavorecidos;
  • 9. Que se continue a estudar a problemática da produção, validação e distribuição de conteúdos educativos digitais. Neste âmbito, recomenda-se desde já o aprofundamento do apoio à produção de conteúdos criados por utilizadores e a articulação com outros países da CPLP.
O texto da recomendação, cujos redactores foram os conselheiros Jorge Marques da Silva e Maria Emília Brederode Santos, será dentro de dias publicado no Diário da República. Entretanto, pode ser consultado provisoriamente AQUI.

quarta-feira, novembro 23, 2011

MEDIALAB apresentado na Young Reader Round Table

Na sequência do prémio The 2011 World Young Reader Prizes este ano obtido pelo projecto português MEDIALAB (JN/DN), a iniciativa foi recentemente apresentada no quadro do 63rd World Newspaper Congress and 18th World Editors Forum, que decorreu em Viena. A apresentação seguinte foi a base da comunicação de Alexandre Nilo Fonseca, do MEDIALAB:
World Young Reader Round Table 2011, Alexandre Nilo Fonseca
Outras apresentações na mesma mesa-redonda podem ser encontradas no www.slideshare.net, pesquisando por "World Young Reader Round table".

sábado, setembro 24, 2011

O ovo e a galinha

1. Há dias, a Comissão Europeia publicou um relatório sobre a protecção das crianças no mundo digital: COM(2011) 556 final. Começa por constatar alterações muito rápidas nos ambientes digitais, em particular na utilização de aparelhos móveis, nos videojogos online e na presença cada vez mais generalizada das crianças nas redes sociais, sendo "provável que assistamos a outras mudanças difíceis de imaginar neste momento". É referida a falta de preparação de alguns pais para lidar com esta realidade e questiona o texto se "as políticas actuais continuam a ser as mais adequadas para garantir um elevado nível de protecção dos menores em toda a Europa".
A literacia mediática aparece como um contributo para ajudar nestas questões, considerando este documento que "os Estados-Membros estão empenhados" na sua promoção. Assinala ainda o presente relatório que "as iniciativas no domínio da literacia mediática e da sensibilização estão, em parte, integradas no ensino oficial", embora reconheça que "o ensino concreto dessas matérias é fragmentado e incoerente".
Termina o documento em tom negativo, ao referir a "falta de ambição e de coerência" das medidas dos vários Estados-Membros que originam uma "manta de retalhos na Europa", potencialmente capaz de "suscitar a confusão dos pais e professores que tentam identificar o que é aceitável e autorizado para proteger e dar autonomia às crianças que se ligam à Internet".


2. Para ajudar a compreender esta questão da protecção e de que forma a Literacia Mediática pode dar o seu contributo, sugere-se a consulta do site scoop.it/t/educommunication. Um espaço interessante não só pelos recursos que aí aparecem, mas também porque pode inspirar outras utilizações da ferramenta scoop.it. É este o sistema, de utilização simples, que está por detrás do referido site (da responsabilidade do autor deste blogue, Manuel Pinto).


3. Uma notícia do JN desta sexta-feira apresentava o seguinte título: «Exclusão digital não deve representar uma exclusão social». Rapidamente me surgiu a imagem do ovo e da galinha. Afinal, quem 'nasceu' primeiro, quem está na origem, é a exclusão digital que leva à exclusão social, ou é a social que está na origem da digital?
Inclino-me a pensar que uma  inclusão digital que não tenha como base os aspectos contextuais, da comunidade, familiares, escolares, dificilmente contribuirá para um fim que é muitas vezes enunciado, a igualdade de oportunidades.

sexta-feira, agosto 26, 2011

Com jornais é como com médicos

A crónica de Ferreira Fernandes, no DN de hoje, intitula-se "Era tão bom aprender a lição" e constitui um excelente motivo e conteúdo de literacia relativamente aos media. Começa assim:

"Houve em tempos uma campanha, "Ler jornais é saber mais", que dizia o essencial: jornais. No plural. Com jornais é como com médicos. Ouvir uma segunda e terceira opinião cura-nos da estupidez, com jornais, tal como com médicos pode salvar-nos a vida. Na semana passada, a revista francesa L'Express revelava que o relatório médico de Nafissatou Diallo, a mulher que acusava Strauss-Kahn, dizia: "Causa dos ferimentos: violação". Ora, esta semana, o procurador de Nova Iorque que investigava o caso nem o levou a tribunal, por total falta de provas. Então não havia pelo menos a "prova" do relatório médico para se discutir em tribunal? (...)" [ler o restante do texto aqui].
A crónica continua, explicando que aquilo que parecia um facto inquestionável era, afinal uma interpretação, ou, mais rigorosamente uma versão provavelmente interessada. "A certeza de L'Express vinha-lhe de não saber do que estava a falar. Acontece tanto", observava ainda Ferreira Fernandes.
De onde a tal "lição" a tirar - é preciso consultar e confrontar mais de uma fonte. Esta é uma dimensão fundamental. Mas não suficiente. Um espírito informado e crítico deveria ser capaz de ver logo que a informação de l'Express estava inquinada, porque não resultava de qualquer investigação policial ou judicial, mas da versão dada por uma das partes. E isso deveria ser dito, para calibrar a informação com o grau de confiança que a ela se deveria atribuir.
A esmagadora maioria dos leitores pode não dispor de condições para confrontar várias fontes. Mas deveria possuir a capacidade e o conhecimento para aquilatar da fiabilidade e grau de confiança de uma informação.

quinta-feira, julho 07, 2011

Literacia mediática: cinco questões

A resposta é de Tessa Jolls, do Center for media Literacy:

quinta-feira, junho 30, 2011

"O valor público da Media Literacy"

"O valor público da Media Literacy" é o título de um artigo de Thomas A. Bauer, professor de Meios Audiovisuais na Universidade de Viena e agora traduzido para Português no Brasil.
Resumo:
"Este texto delineia os focos, métodos e objetivos da Media Literacy, as competências específicas para compreender os meios de comunicação em sua relação com a sociedade e com os indivíduos. Ela prevê que, diante do aspecto midiatizado da sociedade contemporânea, em especial no que tange às mídias eletrônicas e digitais, a capacidade para lidar com esses meios é fundamental para que se atinja a plena cidadania. Nesse sentido, Media Literacy não se resume ao treinamento para usar os meios, mas torna-se um elemento do pensamento crítico no auxílio à cidadania e à participação política."

sexta-feira, junho 17, 2011

UNESCO publica currículo para professores

A UNESCO apresentou por estes dias, na cidade marroquina de Fez,um extenso trabalho intitulado Media and Information Literacy - Curriculum for Teachers (parte 1  e 2).

O trablho foi apresentado e discutdo no quadro do First International Forum on Media and Information Literacy (MIL), que decorreu desde quarta-feira.
Outras iniciativas análogas vão ter lugar nos próximos meses, nomeadamente no quadro da conferência internacional da IAMCR, que se realiza em meados do próximo mês em Istambul (Turquia).
Para ler o relatório, clicar aqui:  Media and Information Literacy Curriculum for Teachers.

terça-feira, maio 03, 2011

Literacia dos media é processo não mensurável

"(...) media literacy is not just measurable knowledge and skills that can be acquired in institutional settings of education. With the current social media scene, media literacy is most of all about attitude, sometimes critical, towards learning and experiencing the world with and through media. Media literacy should be seen as a process of active involvement with a volition to produce, construct, share and categorize knowledge, opinions and experiences".
Olli Vesterinen

terça-feira, abril 26, 2011

Ângulos, enquadramentos e jornalismos

A Wikileaks, em acção conjugada com uma série de jornais de diferentes países, começou ontem a divulgar documentos confidenciais do Pentágono acerca dos detidos na prisão de Guantanamo, na sequência dos ataques terroristas do 11 de Setembro.
Eis como os sites de dois órgãos de informação prestigiados como são a BBC News e a CNN International noticiavam estes factos (dá-se apenas o título e o 1º parágrafo ou lead, recomendando-se a leitura de cada uma das peças):
CNN: Military documents reveal details about Guantanamo detainees, al Qaeda

Nearly 800 classified U.S. military documents obtained by WikiLeaks reveal extraordinary details about the alleged terrorist activities of al Qaeda operatives captured and housed at the U.S. Navy's detention facility in Guantanamo Bay, Cuba.
(...)

BBC: Wikileaks: Many at Guantanamo 'not dangerous'

Files obtained by the website Wikileaks have revealed that the US believed many of those held at Guantanamo Bay were innocent or only low-level operatives.
(...)
Consultar diferentes fontes de informação e comparar o modo como cada uma propõe e apresenta os mesmos acontecimentos é um dos caminhos mais interessantes e necessários da literacia sobre os media.
Neste caso, trata-se de observar, em especial, aquilo que cada entidade informativa quer sublinhar, ao construir o título e o lead. E, ao sublinhar e destacar, que ângulo de abordagem adopta. Passa por aqui o estudo do framing ou enquadramento das notícias.
Importa notar que um exercício como este não envolve necessariamente um juizo definitivo sobre a qualidade da informação. Para tal precisamos de ir mais longe. Por exemplo: considerando o conjunto da informação difundida sobre os acontecimentos, bem como a respectiva contextualização.
Mas há aqui um factor que é importante na análise: quem informa e a partir de onde informa (que quadro de interesses e pontos de vista).
Por isso, o "quem" da notícia não pode ser procurado apenas no conteúdo daquilo que é dito mas também em "quem" veicula esse conteúdo.

[Este post foi inspirado num tweet da @wikileaks]