«Os princípios do jornalismo nascem da função que a informação representa na vida das pessoas. Neste sentido, são uma declaração de direitos dos cidadãos, ao mesmo tempo que uma declaração de responsabilidades dos jornalistas. Na medida, porém, em que a difusão de informação própria e do comentário a assuntos de actualidade e às opiniões de outros aumenta, crescem também as responsabilidades éticas dos que intervêm no processo, do lado da cidadania. O conhecimento e exercício destes direitos e responsabilidades devem integrar a formação não apenas dos jornalistas mas também dos cidadãos, no quadro mais vasto e desejável de uma literacia mediática que proporcione o uso crítico, esclarecido e criativo da informação jornalística e dos media».
Este é o teor do Princípio nº 11 e derradeiro do documento "Para Uma Carta de Princípios do Jornalismo na Era da Internet", recentemente apresentado em Lisboa. É talvez a primeira vez que, entre nós, se estabelece, de modo claro e formal, a relação entre as responsabilidades éticas do jornalismo e "uma literacia mediática que proporcione o uso crítico, esclarecido e criativo da informação jornalística e dos media».
Recomenda-se uma leitura atenta do documento (AQUI). Transcreve-se, de seguida, a súmula de cada um dos 11 pontos:
- A primeira obrigação do jornalismo é a busca da verdade e a sua publicitação.
- O jornalismo deve manter-se leal aos cidadãos, estimulando o debate e a construção de opinião
- A essência do jornalismo assenta na verificação da informação e no confronto de fontes e de versões
- O jornalismo deve escrutinar os diferentes poderes. Aqueles que o exercem devem ser independentes em relação às pessoas, organizações e acontecimentos que cobrem
- O jornalismo deve tornar interessante o que é relevante e procurar no que é interessante ou mobiliza a atenção dos cidadãos o que é importante e significativo
- A produção jornalística deve seguir princípios de rigor, isenção, clareza, abrangência e proporcionalidade, e deve empenhar-se em dar voz e visibilidade a cidadãos, grupos e comunidades mais esquecidas
- Os jornalistas devem ser livres de seguir a sua consciência
- O jornalismo deve ser transparente e favorecer o debate público das suas opções e práticas e o escrutínio das ligações, interesses e poderes que o suportam
- O jornalismo deve adaptar-se às diferentes plataformas informativas e interagir com a diversidade de actores presentes no ambiente comunicacional, integrando as suas vozes no processo de produção profissional de narrativas noticiosas e de opinião
- Inovações empresariais e tecnológicas no ecossistema informativo devem ser feitas com respeito por padrões de exigência profissional e no quadro ético e deontológico em vigor numa imprensa livre e democrática
- Os cidadãos têm direitos e responsabilidades, no que diz respeito à informação noticiosa.
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