"Houve em tempos uma campanha, "Ler jornais é saber mais", que dizia o essencial: jornais. No plural. Com jornais é como com médicos. Ouvir uma segunda e terceira opinião cura-nos da estupidez, com jornais, tal como com médicos pode salvar-nos a vida. Na semana passada, a revista francesa L'Express revelava que o relatório médico de Nafissatou Diallo, a mulher que acusava Strauss-Kahn, dizia: "Causa dos ferimentos: violação". Ora, esta semana, o procurador de Nova Iorque que investigava o caso nem o levou a tribunal, por total falta de provas. Então não havia pelo menos a "prova" do relatório médico para se discutir em tribunal? (...)" [ler o restante do texto aqui].A crónica continua, explicando que aquilo que parecia um facto inquestionável era, afinal uma interpretação, ou, mais rigorosamente uma versão provavelmente interessada. "A certeza de L'Express vinha-lhe de não saber do que estava a falar. Acontece tanto", observava ainda Ferreira Fernandes.
De onde a tal "lição" a tirar - é preciso consultar e confrontar mais de uma fonte. Esta é uma dimensão fundamental. Mas não suficiente. Um espírito informado e crítico deveria ser capaz de ver logo que a informação de l'Express estava inquinada, porque não resultava de qualquer investigação policial ou judicial, mas da versão dada por uma das partes. E isso deveria ser dito, para calibrar a informação com o grau de confiança que a ela se deveria atribuir.
A esmagadora maioria dos leitores pode não dispor de condições para confrontar várias fontes. Mas deveria possuir a capacidade e o conhecimento para aquilatar da fiabilidade e grau de confiança de uma informação.
1 comentário:
Esse cronista cai com facilidade na situação que denuncia: ter certezas derivadas não do conhecimento, mas da ignorância dos assuntos. Sucede-lhe, por exemplo, quando fala de educação.
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