sábado, setembro 24, 2011

O ovo e a galinha

1. Há dias, a Comissão Europeia publicou um relatório sobre a protecção das crianças no mundo digital: COM(2011) 556 final. Começa por constatar alterações muito rápidas nos ambientes digitais, em particular na utilização de aparelhos móveis, nos videojogos online e na presença cada vez mais generalizada das crianças nas redes sociais, sendo "provável que assistamos a outras mudanças difíceis de imaginar neste momento". É referida a falta de preparação de alguns pais para lidar com esta realidade e questiona o texto se "as políticas actuais continuam a ser as mais adequadas para garantir um elevado nível de protecção dos menores em toda a Europa".
A literacia mediática aparece como um contributo para ajudar nestas questões, considerando este documento que "os Estados-Membros estão empenhados" na sua promoção. Assinala ainda o presente relatório que "as iniciativas no domínio da literacia mediática e da sensibilização estão, em parte, integradas no ensino oficial", embora reconheça que "o ensino concreto dessas matérias é fragmentado e incoerente".
Termina o documento em tom negativo, ao referir a "falta de ambição e de coerência" das medidas dos vários Estados-Membros que originam uma "manta de retalhos na Europa", potencialmente capaz de "suscitar a confusão dos pais e professores que tentam identificar o que é aceitável e autorizado para proteger e dar autonomia às crianças que se ligam à Internet".


2. Para ajudar a compreender esta questão da protecção e de que forma a Literacia Mediática pode dar o seu contributo, sugere-se a consulta do site scoop.it/t/educommunication. Um espaço interessante não só pelos recursos que aí aparecem, mas também porque pode inspirar outras utilizações da ferramenta scoop.it. É este o sistema, de utilização simples, que está por detrás do referido site (da responsabilidade do autor deste blogue, Manuel Pinto).


3. Uma notícia do JN desta sexta-feira apresentava o seguinte título: «Exclusão digital não deve representar uma exclusão social». Rapidamente me surgiu a imagem do ovo e da galinha. Afinal, quem 'nasceu' primeiro, quem está na origem, é a exclusão digital que leva à exclusão social, ou é a social que está na origem da digital?
Inclino-me a pensar que uma  inclusão digital que não tenha como base os aspectos contextuais, da comunidade, familiares, escolares, dificilmente contribuirá para um fim que é muitas vezes enunciado, a igualdade de oportunidades.

Sem comentários: