segunda-feira, janeiro 31, 2011

Para pensar a web e as tecnologias digitais

No mais recente suplemento Babelia, do diário El País, Jose António Millan apresenta vários livros recentemente publicados em espanhol (ver referência abaixo) que ajudam a pensar a web e as tecnologias digitais.
Escreve, a dado passo:
Lo más interesante del libro es la dilucidación de la "alfabetización digital" a lo largo de muy distintas plataformas, aunque, como suele ocurrir, la necesidad de explicar cómo funcionan a un público que no las conoce consume parte de las energías del autor. Max Otte, alemán activo en Estados Unidos, publicó acertadamente en 2006 ¡Que viene la crisis! En El crash de la información analiza, en el sector financiero y del consumo, las maniobras para desinformar a los ciudadanos: a través del "etiquetado falso", pero sobre todo mediante la sobreabundancia informativa (como la variedad de tarifas telefónicas). ¿Será la Red un aliado de los consumidores? Parece que no: los sitios que se ofrecen para clarificar, sea inversiones en Bolsa o tarifas eléctricas, acaban siendo juguetes en manos de las compañías. Las tecnologías digitales están posibilitando el contacto directo con el cliente (sea con cajeros automáticos o webs de venta de billetes), lo que permite ahorro de personal... e indefensión del comprador ante cualquier eventualidad. Por su postura crítica y la información que maneja, este libro para lectores no especialistas es claramente recomendable.
Livros citados no artigo:
  • G. Aranzueque (coordinador) (2010) Ontologia de la Distancia. Madrid:Abada.
  • Milad Doueihi (2010) La gran conversión digital. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica
  • Max Otte (2010) El crash de la información. Barcelona: Ariel.
  • Nicholas Carr (2011) Superficiales. ¿Qué está haciendo Internet con nuestras mentes? Madrid: Taurus.

domingo, janeiro 30, 2011

Interrogando as imagens das revoltas populares no Egipto

Depois da 'revolução do jasmim', na Tunísia, seguimos entre o esperançado e o inquieto a revolta dos populares que afrontam as forças policiais no Cairo, em Alexandria, em Suez e noutras cidades do Egipto.
O governo fez o que pôde para que a informação não circulasse. Desactivou, numa primeira fase, os serviços de telecomunicações e a Internet e, como a Al Jazeera continuasse a fazer a cobertura (e eventualmente a contagiar outros países árabes), mandou também calar este canal.
Temos, assim, imagens e informações condicionadas e este é um primeiro dado que importa ter presente. Captamos versões oficiais e fragmentos de outras informações que, interligadas, nos vão dando um retrato daquilo que há quase uma semana se está a passar, mesmo ali às portas do Médio Oriente.
Uma imagem que me chamou a atenção foi esta:
Segundo esta fonte, trata-se de uma imagem captada por um anónimo.Quando a vi pela primeira vez achei-a espantosa, porque o "ENOUGH" do cartaz exibido pelo manifestante em primeiro plano não se destinava certamente nem à polícia que estava à frente dele nem às autoridades que poderiam observar a cena a distância, mas aos media ocidentais. Achei-a espantosa porque, ao contrário do que seria de esperar, o cartaz e o seu portador dirigiam-se a nós virando-nos as costas, o que, se fosse verdadeira a fotografia, não deixaria de ser original.
Afinal, tratava-se de uma montagem (ver o original abaixo). Não sabemos se em árabe, o que lá estava era o mesmo grito, era o mesmo "Basta!". Fosse ou não, o sentido da cena altera-se significativamente. Ainda que não essencialmente.

E o leitor? Que imagens chamaram a sua atenção? Que reflexões ou interrogações lhe suscitaram?

Actualização:
- Através do Tiago Dias Ferreira, da equipa deste blogue, tive conhecimento deste texto - The Story Behind Last Night's Iconic Photo From the Egyptian Protests - publicado no site da revista The Atlantic, no já 'longínquo' dia 26 de Janeiro. Pelos comentários em reddit.com, fica-se a saber que o cartaz exibido diz, textualmente, "Mubarak, vai-te embora!". Aqui fica como complemento, para compreender melhor os bastidores da badalada foto e do seu autor. E, também, para referir um ponto de vista fundamental para quem quer analisar imagens - não apenas o quadro dado a ver mas também o quadro, ou ponto de vista, as intenções, motivações, contexto de quem dá a ver. Resta saber se a alteração em computador foi feita pelo autor da foto ou por outrem (BBC ou Al Jazeera, a quem o autor cedeu cópias). Seja quem for, abriu aí uma nova vida ao documento original.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Educação para os Media: um manifesto e um livro

Acaba de ser lançado um "Manifesto da Educação para os Media" que conta com um conjunto inicial de depoimentos e que dará origem a um livro. A iniciativa provém do Centre for Excellence in Media Practice (CEMP), um centro de pesquisa e inovação  com sede na Escola de Media da Universidade de Bournemout, Reino Unido.
A iniciativa tem uma característica interessante: propõe um conjunto de reflexões iniciais (entre as quais as de David Buckingham, Cary Bazalgette, Henry Jenkins e outros, entre os quais o português Vitor Reia Baptista), mas abre-se não apenas aos comentários do que já lá está mas também a novos contributos. Todo o material será reaproveitado para a edição futura do livro que compendiará o que de mais interessante tenha sido publicado.
O projecto constitui um esforço no sentido de desenvolver uma compreensão partilhada e e a formulação de motivos comuns para a educação para os media.

domingo, janeiro 23, 2011

Educomunicação - da teoria à prática

"Educomunicação, para quem ainda não sabe, é um novo campo de atuação, uma nova área de estudo que busca utilizar a comunicação e as suas ferramentas ou mídias: internet, rádio, televisão e cinema para práticas educativas. Mas não é só isso: ela existe em decorrência de uma tradição latino-americana que busca promover o direito universal à expressão, numa perspectiva dialógica, através da formação de ecossistemas comunicativos abertos e participativos em espaços destinados à educação".
Assim se expressa a paulistana Camila Santos, no post "Educomunicação: uma revolução no espaço escolar", do seu blog "Exagerado é Apelido". E para aprofundar os pressupostos, o alcance e as práticas associados ao conceito nada melhor do que ouvir o nome que é talvez a referência mais importante da Educomunicação no Brasil, Ismar Oliveira Soares. O post é precisamente uma entrevista com este professor e pesquisador da Universidade de São Paulo.

Vem a propósito dar conta de um artigo relacionado com práticas de Educomunicação também no Brasil. Trata-se da comunicação de Everaldo Santana e de Cleyton Vital, intitulada "A educomunicação na produção de conteúdos audiovisuais na formação de jovens". Fica aqui o resumo:
Este projeto estuda, através da observação participante, os aprendizados gerados, a partir de produções e exibições de audiovisuais na formação de jovens comunicadores na zona da mata norte de Pernambuco, da Organização não Governamental – Giral, tendo como embasamento o conceito de Educomunicação entendido por Ismar de Oliveira Soares como “o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos presenciais ou virtuais, tais como escolas, centros culturais, emissoras de TV e rádios educativos”, e outros espaços informais de ensino.
(Via Twitter, através da conta de @antoniaalves).

terça-feira, janeiro 18, 2011

Sentido crítico




Via: Árvores&Arbustos

domingo, janeiro 16, 2011

JN destaca 1º Congresso Nacional "Literacia, Media e Cidadania"

Congresso defende educação para os média
Em Portugal "não existe formalizada e generalizada uma educação" que forneça consciência crítica relativamente aos média. A afirmação é da investigadora Sara Pereira e surge no contexto da preparação do congresso "Literacia, Media e Cidadania".

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quinta-feira, janeiro 13, 2011

segunda-feira, janeiro 10, 2011

'Redes sociais' no Concurso de Jornais Escolares

As Redes sociais estarão no centro das atenções da edição dete ano do Concurso Nacional de Jornais Escolares de 2010-2011, promovido pelo projecto PÚBLICO na Escola e dirigido às escolas e agrupamentos de todos os níveis de ensino, até ao 12º ano.
Os concorrentes deverão editar pelo menos três edições do seu jornal ao longo deste ano lectivo, uma das quais terá de ter como tema central as redes sociais. O suporte tanto pode ser em papel como online.
Justificando a escolha, o coordenador do projecto recorda que de entre as palavras mais buscadas no Google, em 2010, em Portugal, estão precisamente as que se ligam com o tema do concurso deste ano. E observa, a propósito:
"As redes sociais têm vantagens e inconvenientes. Rentabilizar as primeiras e eliminar ou atenuar os efeitos dos segundos é um sério desafio - também educativo - que se deve colocar a quem nelas participa. Contudo, antes é preciso conhecer melhor cada rede social, identificar os riscos que se colocam, sobretudo aos membros mais vulneráveis, e perceber de que modo o seu uso pode ser benéfico para a comunidade escolar e o trabalho educativo. É esse trabalho que o PÚBLICO na Escola quer estimular no presente ano lectivo, razão por que As Redes Sociais são o tema do concurso deste ano".

Mais informação no blog do projecto: Página 23.

sábado, janeiro 08, 2011

Criada no 10º ano disciplina de Formação CÍvica

Na sua última reunião, o Conselho de Ministros aprovou um projecto de Decreto-Lei que elimina a disciplina de Área Projecto da matriz dos cursos científico-humanísticos do 12º ano e cria a disciplina de Formação Cívica no currículo do mesmo tipo de cursos , no 10º ano.
Para a primeira medida, o Governo invoca a "experiência adquirida" da aplicação da disciplina de Área de Projecto e "o benefício pedagógico que se espera obter da utilização das chamadas “metodologias de projecto” em cada uma das disciplinas do currículo".
Por sua vez, a criação a disciplina de Formação Cívica no 10.º ano tem em vista "reforçar a formação nas áreas da educação para a cidadania, para a saúde e para a sexualidade".
Quanto à Área Projecto, e não querendo discutir aqui a bondade ou problemas associados à medida tomada, parece-nos potencialmente interessante a ideia de estimular as metodologias de projecto em todas as disciplinas, ainda que seja oportuno perguntar em que medida essa intenção se coaduna com a intenção manifestada de orientar todo o ensino-aprendizagem para a conclusão do ciclo de ensino e a preparação dos exames nacionais.
Relativamente à Formação Cívica, pensamos que se perdeu uma oportunidade de incluir, de forma explícita, a educação para os media, ainda que esta dimensão possa ser subsumida no conceito de educação para a cidadania.

domingo, janeiro 02, 2011

Educação para os media: compreensão crítica e participação activa

David Buckingham é um dos investigadores e autores de referência, no panorama internacional da educação para os media.A abrir mais um ano, aqui fica uma definição do que, para ele, é e não é esta nova área de acção, formação e pesquisa, expressa num texto que escreveu há cerca de dez anos para a UNESCO, inspirado, de resto, num documento de referência para quem estuda e acompanha este assunto - a Declaração de Grünwald:
  • A educação para os media envolve o leque alargado de meios de comunicação, incluindo a imagem em movimento (cinema, vídeo, televisão), rádio e música gravada, meios impressos (especialmente jornais e revistas), e as novas tecnologias de comunicação digital. Tem como objectivo desenvolver uma "alfabetização" de espectro amplo, não apenas em relação à imprensa, mas também aos sistemas simbólicos das imagens e dos sons.
  • A educação para os media ocupa-se com o ensino e a aprendizagem sobre os media. Isso não deve ser confundido com o ensino através dos media - por exemplo, o uso da televisão ou de computadores como meio de ensino da ciência ou da história. A educação para os media não tem como foco o uso instrumental dos meios de comunicação como 'auxiliares de ensino’, como: não deve, por isso, ser confundida com a tecnologia educativa ou os media educativos.
  • A educação para os media tem como objectivo desenvolver tanto a compreensão crítica como a participação activa. Permite que os jovens interpretem e façam juízos informados enquanto consumidores de media, mas também permite que eles se tornem produtores autónomos de media, e, assim, se tornem participantes capacitados na sociedade. A educação para os media refere-se ao desenvolvimento de capacidades críticas e criativas entre os jovens.
Buckingham, D (2001) Media Education - A Global Strategy for Development. A policy paper prepared for UNESCO (negritos nossos).