domingo, março 30, 2008

O telemóvel e o caso da Escola Carolina Michaëlis

O Jornal de Notícias toma hoje uma iniciativa que merece aplauso, a propósito do acto de indisciplina na Escola Secundária Carolina Michaëlis, do Porto, protagonizado por uma aluna e pela professora e filmado e disponibilizado no YouTube por um colega da turma.
O JN juntou na sua Redacção alunos e professores para debater o caso. O resultado é a peça "Episódio foi infeliz mas é a excepção", assinada pela jornalista Helena Teixeira da Silva. Destacamos as partes relativas à relação dos alunos com esse gadget que, como está visto, se tornou em muito mais do que um objecto técnico:

"Chocou-me a impassividade da turma, a falta de solidariedade e de valores daqueles que serão os cidadãos de amanhã", confessa Manuel da Costa, professor de Educação Visual e Tecnológica na Escola Sá de Miranda, no Porto, acrescentando que, surante muito tempo, questionou-se se "o uso do telemóvel seria um desafio à autoridade até perceber que os alunos o vêem como uma espécie de prolongamento da sua individualidade". De qualquer forma, admite que, com a mediatização do caso, o sentimento foi o de ver "a classe vilipendiada".
É na extensão da "humilhação" que Sandra Bugalho, professora de Ciências há sete anos, coloca também a ênfase. "Há um aluno que teve a frieza de filmar uma situação com a qual deveria ter sido solidário, e publicá-la. O problema novo é estender a humilhação a que sujeitaram a docente a toda a comunidade".

Manuela Matos Monteiro tem reservas em relação à consciência das implicações na divulgação do vídeo: "A relação que os alunos fazem entre público e privado é completamente diferente da nossa. Para eles, tudo é passível de ser colocado no Youtube".

Aliás, para esta professora, as novas tecnologias servem para explicar algumas das mutações sociais mais importantes das últimas décadas, nomeadamente na relação professor-aluno. "Somos a geração de adultos - pais, professores, educadores - que, pela primeira vez, na história da humanidade, temos alunos e filhos que dominam uma área com uma competência que nós jamais teremos. Eles aprenderam sozinhos, e com prazer, a socializar num novo mundo no qual nós tentamos entrar, mas com esforço". Isso fragiliza o papel do professor? "Obviamente", responde.

Manuel da Costa concorda, mas ressalva que "a tecnologia dá informação, mas não dá conhecimento". E Teresa Pinto de Almeida vai ainda mais longe: "Não fornece os princípios e valores cívicos que é suposto um aluno ter".

Com alguma relutância em focalizarem o discurso no episódio concreto, é Manuela Matos Monteiro quem, como a própria disse, acaba por aceitar "comprometer-se", ajuizando, sem querer ajuízar, o comportamento da professora da Carolina Michaelis, uma vez que o da aluna - é consensual - não levanta qualquer dúvida.

"Não se chega àquela situação sem que haja uma história por trás. A colega deveria ter chamado um funcionário e participar a situação. A aproximação corpo-a-acorpo é perigosíssima. Não pode nunca chegar-se aí". Nem aí, nem ao ponto de um professor achar que "é tão bom que pode ser amigo do aluno". Não pode, reforçam todos.

"O professor - e isto é inegociável - é sempre o comandante do barco", atesta Manuel da Costa, confessando que, "durante muito tempo tentou perceber se o uso do telemóvel era um desafio à autoridade, até perceber que o aparelho é uma espécie de prolongamento da individualidade de cada um". Algo que tenta respeitar com "bom senso", mas sem deixar de apontar - nesta como na globalidade das questões- o dedo à ausência dos pais. "Demitiram-se da função".

(...)

Não esquecendo o objecto que deu origem ao conflito, o telemóvel é, ou não, afinal, imprescindível numa sala de aula? Ninguém o defende incondicionalmente, a não ser, talvez, João Reis."Todos os alunos que conheço têm telemóvel - tem mesmo que ser", vinca a importância do aparelho.

"Ninguém o usa para humilhar os professores, nem o deposita em cima da secretária. Mas está no bolso, sempre pronto a ser usado". Pronto-pronto, como numa emergência? "Sim". E o que é uma emergência? "Pode ser só uma pessoa de família, grávida, prestes a dar-nos um sobrinho", sorri. E a boa-nova não pode esperar até ao fim da aula? Resposta definitiva: "Não. Hoje, cada minuto é para ser vivido aqui e agora".

No mesmo jornal, ler, igualmente sobre este assunto, da autoria de Alice Vieira,A geração do ecrã.

quinta-feira, março 27, 2008

Escola, jovens e media



Terá lugar no próximo dia 31, segunda-feira, às 17,30h, na Sala de Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), a sessão de apresentação do livro "Escola, Jovens e Media", da autoria de Maria Manuel Vieira e Benedita Portugal e Melo. A apresentação será feita por João Teixeira Lopes (FLUP). A iniciativa é da editora Imprensa de Ciências Sociais e do Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras.

segunda-feira, março 24, 2008

Children in Virtual Worlds



No dia 22 de Maio, a BBC Children’s e a University of Westminster pretendem juntar, num colóquio com acesso gratuito, produtores e investigadores ligados aos ambientes virtuais online para crianças dos 7 aos 11 anos. [Obrigado pela dica, Nelson]

Através da lista dos intervenientes é possível confirmar que se pretende que a discussão seja bastante abrangente.
The conference will be of interest to academics, producers, online community managers, game creators, teachers, and technologists. It aims to facilitate the exchange of ideas between producers and academics on virtual and immersive media for children and to stimulate the production of high quality, creative, social media content for children in the UK. »»


quinta-feira, março 13, 2008

Henri Jenkins, os media e a educação

terça-feira, março 11, 2008

Literacia: abrir portas


"(...) The 21st century definition of literacy involves being able to “produce, read, and interpret spoken language, print, and multimedia” (Ansky). This new definition of literacy enables teachers and students to open and explore doors that were never before available. One of the major goals of this new literacy is collaboration and contribution. Students are no longer expected to simply read out of a textbook. They are now expected to read text, discuss it with their peers, collaborate their ideas, and post their ideas on the internet. According to Richardson, “readers are no longer just readers”, they are expect to analyze, revise, and question text that they read. When textbooks were the only source of information the publishing companies hired editors to do this job. With the evolution of the internet into a place when anyone can post anything, this is now something that the readers of those sites are responsible for.(...)".


in Danielle's Blog

segunda-feira, março 10, 2008

BiblioFilmes – Livros, Bibliotecas, Acção!



Associar a leitura à realização de vídeos a disponibilizar no Youtube é o desafio dirigido aos falantes da Língua Portuguesa, da responsabilidade de alguns professores, com o apoio do Plano Nacional da Leitura e do Plano Tecnológico.

(...) numa época em que, também os livros sofrem uma concorrência da internet, nomeadamente das redes sociais como o MySpace, o HI5, o orkut e o YouTube, decidimos ir buscar um dos aparentes "adversários", o YouTube, e lançamos o concurso de vídeos BiblioFilmes, um desafio à comunidade da Língua Portuguesa a fazer um "filme" (em vídeo ou telemóvel) em que os participantes têm de a contar a sua história e provar o quanto gostam de ler, da sua biblioteca e/ou de um livro.
Os objectivos do concurso são, portanto, a promoção da Língua Portuguesa, da leitura (principalmente junto dos mais jovens), aumentar a quantidade e qualidade dos conteúdos em Língua Portuguesa na internet.

Para além do concurso, vale muito a pena acompanhar o blogue com o mesmo nome, BiblioFilmes.

terça-feira, março 04, 2008

Estudar e aprender com a imagem

Um dos mais recentes números da revista francesa Cahiers Pédagogiques foi dedicado às diferentes abordagens das imagens, as antigas e as novas, as analógicas e as digitais. Desse número uma boa parte encontra-se disponível em linha. Aqui ficam os links:

Ressources et images complémentaires
Pour quelques articles parus dans la revue
Représenter pour « se dépasser »
Par Charles Duboux
Pas d’image ici ?
Par Christine Joannidès-Peyre
Ne pas oublier l’audiovisuel
Par Étienne Récamier
Apprendre à comprendre : les TICE au service d’un travail avec les images au CP
Par Éliane Robin
L’affiche fertile
Par Jean-Claude Farault
Une année en images au lycée Henri IV
Par Laurence Fulleda, Véronique Gallix et Colette Meneau
Petit guide pour enseigner l’histoire-géographie en cycle 3
Par Marcelin Hamon
Le site.tv : une banque d’images et de vidéos
Par Philippe Watrelot
« Au commencement était l’image »
Atelier d’approche du cinéma avec une classe de CM1, par Annick Bouleau
Conjuguer images et nouvelles technologies en arts plastiques
Par Philippe Morlot
« Glissement d’usages »
Par Janique Laudouar
Sur le texte et les images de Yakouba
Par Lionel Lefebvre
La télévision en classe
Françoise Soury-Ligier - Grille d’analyse de “Pratiques en classe” parue dans la revue JDI, n°7, mars 2005
Créer un carnet de voyage pour éduquer au regard « interculturel »
Par Pascale Argod
En passant par la peinture
Par Marie-Sylvie Claude et Geneviève Di Rosa (version longue de l’article paru dans les Cahiers pédagogiques de février 2007)
Bibliographie - Webographie
Une sélection d’ouvrages et de sites
Acaba de sair

Annabelle Klein (2008) (dir.)
Objectif Blogs! Explorations dynamiques de la blogosphère, Editions L’Harmattan-2, 250 pp., 24 euros

"La Galaxie Internet voit émerger une multitude de nouvelles étoiles: les blogs.
Ces carnets de bord en ligne sont autant de tentatives d'exister sur la toile et s'influencer toutes les zones de pouvoir (sphère médiatique, politique, scientifique, économique, etc.).

Cet ouvrage explore la blogosphère actuelle à travers une pluralité de disciplines telles que la communication, l'anthropologie, la sociologie, la psychologie, le droit, les sciences de gestion et de l'éducation."