"Muita da discussão em torno da entrevista de Schmidt [CEO da Google, ao Wall Street Journal] centrava-se num comentário: a sugestão de que os jovens que expõem catastroficamente as suas vidas privadas por via de sites de redes sociais podem precisar de ver permitida a mudança do seu nome e a obtenção de uma nova identidade ao chegarem a adultos. Isto, curiosamente, liga-se ao facto de a Google deixar cair as fichas da sociedade onde quer que calhem, para que sejam arrumadas por legisladores e legislação da melhor forma possível, enquanto a erecção de uma nova arquitectura mundial continua.Se a Google estivesse preocupada o suficiente com isto talvez a companhia devesse dar às crianças 'identidades de treino' à nascença, que terminassem com a maioridade. Cada um poderia, então, escolher ligar a sua identidade adulta à da infância, ou não. Ficar sem infância, sendo obviamente suspeito num currículo, daria origem a uma indústria de criação de falsas adolescências, retro-inseridas de forma dispendiosa, a criação das quais daria emprego a muitos escritores de ficção. Haveria um lado positivo, de certa forma.Não vejo isto como uma ideia muito realista, apesar de o pensamento de milhões de pessoas a viverem as suas vidas em programas de protecção de testemunhas individuais, prisioneiras da sua própria folia enquanto jovens, apelar às minhas glândulas Kafkaescas. Nem encontro muito conforto no pensamento de que a Google teria de ser confiada de modo a nunca ligar a idade adulta de um indivíduo à sua louca juventude, algo que o motor de busca, na posse de até aqui imaginárias ferramentas de transparência, mais tarde ou mais cedo poderia fazer e faria."
- William Gibson, "Google's Earth", The New York Times, 31 de Agosto de 2010.
Não resisti a publicar aqui este excerto do artigo de opinião do conhecido escritor, criador do conceito de "ciberespaço". Nem consigo resistir a fazer referência, apesar da distância que vai à Educação para os Media, ao tema de capa da Wired deste mês. Escrito pelo director da revista, Chris Anderson, autor do livro Free: The Future of a Radical Price, com outro redactor da publicação, o artigo The Web is Dead. Long Live the Internet é de leitura obrigatória para quem acompanha estes temas.
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