sábado, novembro 29, 2003

Parâmetros de qualidade

O Prix Jeunesse é um dos mais importantes festivais internacionais de TV para crianças e adolescentes, dedicado a exibir, debater e premiar as melhores produções mundiais. É realizado de dois em dois anos na Alemanha pela Fundação PRIX JEUNESSE.
A longa experiência acumulada no âmbito deste festival levou os responsáveis a enunciar alguns Parâmetros de Qualidade, indicadores de qualidade, traduzidos em português pela organização brasileira Midiativa:

"O evento busca premiar programas de alta qualidade, que não apenas divirtam, mas ao mesmo tempo estimulem o desenvolvimento de crianças e jovens em todas as suas potencialidades. Programas através dos quais eles possam enxergar e expressar sua cultura, língua e experiência de vida. Os programas devem ajudá-los a conhecer a si mesmos, a comunidade e seu meio, e também devem promover a atenção e a apreciação de outras culturas.
Mais do que a acuidade técnica, o festival analisa o comprometimento de cada produção em termos de conteúdo, de busca de novas linguagens, de compromisso social, igualdade de direitos, eqüidade entre as raças e credos, defesa dos direitos da criança e do adolescente, e diversidade cultural.

Parâmetros que orientam a premiação do PRIX JEUNESSE
Ao longo de quatro décadas, o PRIX JEUNESSE desenvolveu algumas metodologias para avaliar as produções inscritas no Festival. São parâmetros que orientam o debate e auxiliam na hora da escolha das melhores produções:

Idéia
A idéia do programa é interessante? É original? Traz uma nova abordagem? Faz o telespectador pensar? Motiva o espectador? Atinge seus objetivos ou propostas?

Roteiro
É a estrutura boa e balanceada? O assunto foi bem pesquisado e desenvolvido? O diálogo é de boa qualidade? Os personagens são bem desenvolvidos e suas ações motivadas?

Execução
É a idéia bem traduzida para a televisão (direção de arte, filmagem, edição, etc)? O ritmo do programa é adequado? É a televisão o melhor meio para essa idéia?

Público alvo
É apropriado para a faixa etária a que se destina? É relevante do ponto-de-vista cultural? Consegue entreter? Traz informações? Respeita / leva a sério a criança? Mostra a capacidade das crianças?"

quinta-feira, novembro 27, 2003

ANDI reconhece jornalistas "amigos das crianças"

A ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância entrega hoje o título de Jornalista Amigo da Criança a 35 novos profissionais da informação. A iniciativa, que teve iníco em 1997 destina-se a reconhecer o trabalho profissional de jornalistas "comprometidos com a causa social e empenhados na defesa dos direitos de crianças e jovens brasileiros" e já reconheceu o trabalho de 285 desses profissionais.

quarta-feira, novembro 26, 2003

Media: aliados ou adversários da educação?

Sob o tema geral "Direitos e Responsabilidades na Sociedade Educativa", o Serviço de Educação da Fundação Calouste Gulbenkian organiza hoje e amanhã, em Lisboa, uma conferência internacional, cujo comissário é Diogo Pires Aurélio. Um dos temas parcelares a abordar nesta iniciativa intitula-se "Comunicação social: adversária e/ou aliada dos educadores" e tem lugar amanhã, de manhã, com a participação de David Buckingham, do Instituto de Educação da Universidade de Londes, e Jose Manuel Pérez Tornero, especialista em televisão educativa e professor da Universidade Autónoma de Barcelona. A moderação do debate estará a cargo de Francisco Saarsfied Cabral.
No texto de abresentação da conferência, Diogo Pires Aurélio questiona, a propósito da "presumível influência (da comunicação social) na formação da criança, como de todo o tecido social, da sua estrutura simbólica e dos seus modos de comportamento e relação":
"Encarados no seu dealbar como um complemento da tarefa dos educadores, os meios de comunicação de massa transformaram-se num instrumento que muitos, hoje em dia, receiam na medida em que poderá subverter as bases do sistema educativo e, deste modo, acarretar, entre outros prejuízos, a diluição dos vínculos sociais que, por mais frágeis que sejam, fazem falta a qualquer agregado. Pode um dispositivo como a comunicação social desenvolver-se totalmente à margem de qualquer responsabilidade neste domínio? E que responsabilidades se lhe devem atribuir, sem chegar, por um lado, a pedir-lhe mais do que ele realmente pode fazer pela educação nem, por outro lado, entregá-lo aos cuidados do poder, o qual, como a história demonstra, tende inevitavelmente a exceder-se no zelo?"

(Para consultar o programa da conferência, clicar aqui).
Factos e estatísticas sobre violência dos/nos media

Um trabalho da Media Education Foundation permitiu apurar que:

» More than 3,500 research studies have examined the association between media violence and violent behavior; all but 18 have shown a direct connection.(1)
» Other research indicates that media violence has not just increased in quantity; it has also become more graphic, sexual, and sadistic.(2)
» A September 2000 Federal Trade Commission (FTC) report showed that 80 percent of “R” rated movies, 70 percent of restricted video games, and 100 percent of music with “explicit content” warning labels were being marketed to children under 17.(3)
» By the time the average child is eighteen years old, they will have witnessed 200,000 acts of violence and 16,000 murders. (4)
» Media violence is especially damaging to young children (under 8) because they cannot easily tell the difference between real life and fantasy. (5)
» Despite falling crime rates across North America, disturbing images of violent crime continue to dominate news broadcasting. (6)
» Two-thirds of Hollywood films released in 2001 were rated “R.” (7)
» Surveys have found that 82 percent of the American public consider movies too violent. (8)
» Most of the top-selling video games (89%) contained violent content, almost half of which was of a serious nature. (9)
» The highly criticized video game Grand Theft Auto 3 was initially banned in Australia for its graphic violence and sexual content. The game grossed $300 million in the United States by the end of 2002. (10)
» The level of violence during Saturday morning cartoons is higher than the level of violence during prime time. There are 3-5 violent acts per hour in prime time, versus 20-25 acts per hour on Saturday morning. (11)
» Nearly 75 percent of violent scenes on television feature no immediate punishment for or commendation of violence (12)

Referências:
1. Grossman, Dave, De Faetano, Jean G. (1999). Stop Teaching out Kids to Kill: A Call to Action Against TV, Movie and Video Game Violence. New York: Crown
2. Violence in Media Entertainment
3. The Business of Media Violence
4. Facts and Figures About Our TV Habit. TV Turnoff Network.
5. Some Things You Should Know About Media Violence and Media Literacy
6. ibid.
7. ibid.
8. Times Mirror Media Monitor. TV Violence: More Objectionable in Entertainment Than in Newscasts. March 24, 1993
9. Children Now. Fair Play? Violence,Gender and Race in Video Games.December 2001
10. ibid.
11. ibid.
12. Youth Violence: A Report of the Surgeon General

terça-feira, novembro 25, 2003

"Apprendre et enseigner avec TV5"

Realiza-se sexta-feira, dia 28, durante todo o dia, no Instituto Francês do Porto, a apresentação de instrumentos pedgagógicos e a demonstraçãio de simulações em sala de aula com televisão e video, em torno do tema "Apprendre et enseigner avec TV5 - niveau avancé". A formadora é Denise Anhoury, do mesmo canal televisivo (informações e inscrições: 222016140).
Perante os jogos vídeo

"Le jeu vidéo comme arme de propagande" é o título de um artigo publicado na edição de Setembro de Le Monde Diplomatique, entretanto já disponibilizado na net. Um excerto:

"Le jeu vidéo est un média qui a plus de trente ans, mais la moyenne d’âge des joueurs se situe autour de vingt ans. Techniquement, on peut désormais y raconter des histoires plus complexes qu’un éternel affrontement entre le bien et le mal. Aux artistes de s’imposer pour offrir des informations et des émotions diverses : c’est par eux que doit évoluer ce média, comme hier la littérature et le cinéma. Mais, pour cela, il faut que les intellectuels cessent de bouder les jeux vidéo et de les considérer comme un objet infantilisant. Ne pas réagir à l’actuelle dérive, c’est accepter qu’à terme le jeu vidéo devienne arme de propagande silencieuse, diffusée à des millions d’exemplaires."

domingo, novembro 23, 2003

Jovens franceses lêem cada vez menos jornais diários

Os jovens franceses entre os 15 e os 24 anos lêem cada vez menos jornais diários. 1,4 milhões na actualidade contra 1,7 milhões em 1994, o que fez disparar para 44 anos a idade média do leitor de jornais francês (42 em 1994). Mas porquê? Essa é a resposta que procuraram os participantes no Congresso da Imprensa Francesa, que se debruçaram sobre as estratégias para fazer regressar um público que lhes foge entre os dedos, tanto para revistas especializadas como para os media audiovisuais. A notícia é do Liberation e pode ser lida na íntegra no blog Educação para os Media.

Por cá, são entregues esta segunda-feira, dia 24 de Novembro, os prémios do Concurso Nacional de Jornais Escolares, organizado pelo Público, através do Projecto Público na Escola. A cerimónia decorrerá no Museu de Serralves no Porto. O Público foi pioneiro em Portugal, na implementação de um projecto na área da educação para os media. Talvez uma boa via para a conquista e fidelização de jovens leitores...

terça-feira, novembro 18, 2003

A tematização no jornal da Pastoral da Criança
de Juciano de Sousa Lacerda

Índice
1 Sociedade e mídia: midiatização e agenda-setting 2
1.1 A emergência do campo midiático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Midiatização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Agenda-Setting . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Gatekeepers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2 Jornal da Pastoral da Criança: rotinas produtivas 7
2.1 As ações da Pastoral da Criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 A função de Gatekeepers no Jornal da Pastoral da Criança . . . . . . . 8
2.3 O que é notícia das comunidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Diferentes graus de Gatekeeper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.5 A lógica institucional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.6 Ensinando o que é notícia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.7 Tematização das ações da Pastoral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.8 Rotinas profissionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.9 Formato jornalístico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.10 Marcas de edição: atributos das ações da Pastoral . . . . . . . . . . . 14
3 Considerações finais 15
4 Bibliografia 16

domingo, novembro 16, 2003

Cooperação entre os jornais regionais e as escolas

O V Congresso da Associação da Imprensa de Inspiração Cristã (AIC), que decorreu em Braga, entre quinta-feira e sábado, afirmou a vontade de ser "a voz dos mais simples e dos mais esquecidos, reflectindo os reais problemas, ansiedades e interrogações das comunidades que servem, mantendo ao mesmo tempo uma forte ligação aos emigrantes e Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP’s)"
Os congressistas manifestaram-se emprenhados na "procura de novos leitores, numa ligação estreita com as instituições de ensino dos vários níveis", "no estabelecimento de formas de cooperação entre diversos títulos, salvaguardando as respectivas especificidades e/ou caminhando para parcerias duradouras, estabelecidas com base em projectos claros e bem definidos".
"Apostando num jornalismo de proximidade, comunitário e cívico, a Imprensa de Inspiração Cristã reafirma o compromisso com a ética e deontologia profissionais, procurando “fazer o bem”, fazendo-o bem" - acentua o documento aprovado no final.
Os associados da AIC exigem do Governo "apoio à promoção da leitura dos jornais e à difusão da Imprensa, e reclamam o cumprimento dos preceitos legais relativos à distribuição da publicidade institucional."
(O texto das conclusões aqui).

Governo anuncia incentivo à leitura

No encerramento do Congresso da AIC, o secretário de Estado Feliciano Barreiras Duarte anunciou uma série de medidas para o sector da Imprensa Regional, entre as quais se conta um programa para estímulo da leitura dos órgãos de imprensa. Uma matéria a seguir com atenção.

sexta-feira, novembro 14, 2003

terça-feira, novembro 11, 2003

As crianças telespectadoras e a leitura

Um estudo promovido pela Fundação Kaiser Family e pelo Children's Digital Media Centers, sobre os hábitos de consumo dos media de crianças com menos de seis anos, concluiu que "as crianças que têm televisão no quarto ou vivem em casas onde ela está ligada a maior parte do tempo têm mais dificuldade em aprender a ler que as outras crianças da mesma idade". A notícia foi publicada no Público do dia 10 de Novembro e refere ainda que "nos lares com um exagerado consumo de televisão, 34 por cento das crianças entre os quatro e os seis anos sabem ler, menos do que os 56 por cento que vivem em casas onde o pequeno ecrã está menos vezes ligado. As crianças que vêem mais televisão dedicam menos tempo à leitura e a ocupações no exterior". Um dado a ter em conta no estudo, é que o mesmo foi feito por telefone com os pais das crianças...
A versão integral do relatório pode ser encontrada aqui e uma abordagem mais desenvolvida no blog "Educação para os Media".

quinta-feira, novembro 06, 2003

Um barrete de papel de jornal

Há quem "enfie o barrete" com o jornal. E há quem faça um barrete (um chapéu,, um boné...) com o papel do jornal. Este sítio explica como proceder.

quarta-feira, novembro 05, 2003

MANIFIESTO DE LAS ASOCIACIONES
DE TELESPECTADORES Y RADIOYENTES

Este manifesto foi assinado por cerca de dezena e meia de associações de telespectadores e radiouvintes, em 26 de Outubro último, no âmbito do Congresso Iberoamericano de Comunicação e Educação, que decorreu em Huelva, Espanha.
O seu teor completo pode ser consultado aqui e uma eventual assinatura de apoio pode ser feita ali.
Embora se trate de um documento relativamente extenso, eis um resumo das medidas propostas:

"1. Es necesario que los servicios públicos audiovisuales se inscriban en el preámbulo de la Constitución con el mismo rango y dignidad que la educación.

2. Pedimos una programación que respete la intimidad y dignidad de las personas y rechazamos el tráfico mediático con ese tipo material sensible.

3. Pedimos un control público para evitar la producción indiscriminada de telebasura, ya que la comunicación humana no puede convertirse en mercancía sometida sólo a las leyes del mercado.

4. Pedimos, en consecuencia, la creación del Consejo Audiovisual Estatal, independiente del poder público y con representación de las asociaciones de telespectadores.

5. Pedimos también la creación de organismos profesionales de autocontrol, como ya sucede en el derecho o la salud.

6. Reclamamos a los poderes públicos que controlen la creación de oligopolios que afectan no sólo económicamente a los espectadores, sino también a su libertad.

7 y 8. Reclamamos a las televisiones públicas que cumplan su imperativo legal de “servicio público esencial”, sin esclavizarse a las audiencias e informando con veracidad e independencia.

9. Reclamamos, asimismo, que las televisiones privadas cumplan también ese “servicio público esencial” exigido por su concesión administrativa.

10 y 11. Exigimos el cumplimiento de la ley (Directiva Europea de TV Sin Fronteras), sobre todo en lo que se refiere a la protección del menor, y la revisión de algunas de sus normas y aplicaciones, que han quedado inoperantes.

12. Proclamamos el derecho de los niños y niñas a una programación propia, diaria, inteligente, adecuada y de calidad.

13. Pedimos la introducción del estudio de los medios de comunicación en toda la enseñanza (desde infantil a bachillerato).

14 y 15. Pedimos apoyo institucional a todo proyecto que ayude a reflexionar sobre la televisión: publicaciones, programas didácticos, materiales, talleres, congresos, conferencias, debates…

16 y 17. Pedimos iniciativa y apoyo para producir un programa de televisión en el que se enseñe a los niños y niñas a ver televisión, y para organizar campañas publicitarias que promuevan un uso ecológico del medio (como se hace con el tabaco y el tráfico).

18. Pedimos ayuda para dotar a las familias de medios –filtros, horarios, señales visuales…- que les ayuden a educar a sus hijos en la televisión.

19. Reclamamos, y afirmamos que es posible, que la televisión cumpla sus tres funciones: informar, entretener y formar.

20. Finalmente, hacemos un llamamiento a todos los telespectadores para que, individualmente o a través de las asociaciones, se manifiesten y opinen sobre la televisión, haciendo valer sus derechos."

terça-feira, novembro 04, 2003

Recordando a análise de um spot televisivo

O deputado Paulo Pedroso, no Jornal de Noticias de hoje:

"Há quase uma década, participei num seminário internacional de educação e media em que foi analisado um spot televisivo de uma campanha presidencial americana. Na mensagem explícita, o atacado era acusado de ser liberal, isto é, demasiado de Esquerda. O facto invocado era o de que tinham sido cometidos homicídios numa licença precária de reclusos, cuja concessão fora facilitada pelo então candidato. Mas o conteúdo da imagem estava longe de ser a ilustração do discurso explícito.
O filme mostrava uma prisão de que saíam presidiários fardados como os irmãos Dalton e entravam outras pessoas. Estando-se a criticar uma política prisional liberal, porquê a rotação?
Analisando um fotograma, surge a mensagem racista subliminar: da prisão saem afro-americanos e hispânicos e entram WASP, classe média alta, fatos e pastas de executivo. Afinal, queria gerar-se medo nas classes médias. Entre nós não há, que eu saiba, tal indústria, mas o rumor perdeu a ingenuidade e tornou-se arma de produção de factos mediáticos."

(NB.: O seminário foi na cidade espanhola da Corunha, em 1995, onde se encontravam mais cerca de duas dezenas de portugueses e de onde saiu a ideia de fundar a Associação Portuguesa de Educação e media, ultimamente inactiva).

segunda-feira, novembro 03, 2003

Parece óbvio...

Parece óbvio, mas poucos o assumem. É preciso vir a UNESCO dizê-lo, em Communication: From information society to knowledge societies: "Technological measures alone will not be enough to bridge the digital divide. UNESCO believes that the social, political and cultural aspects of the information revolution must be tackled, if people in North and South are to reap its benefits fully".