Ela ficava, horas a fio, a olhar para o ecrã colorido
"Aos oito anos, Maria aprendeu a entreter-se sozinha. Quando chegava o tempo de férias, sabia que os pais saíam, de manhãzinha, fechando portas e janelas, deixariam bolachas em cima da banca da cozinha e a televisão ligada. Ela ficava, horas a fio, a olhar para o ecrã colorido, pijama vestido, falando para bonecas e espreitando às janelas.
Uma vizinha de Maria, a quem tinha sido entregue uma cópia da chave de casa, ia, volta e meia, ver se tudo bem estava bem. Por vezes, o olhar triste da pequena tocava-lhe o coração e levava-a consigo a dar um passeio. Em segredo. A mãe não gostava.(...)"
Margarida Fonseca
in JN, 6.4.2004
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