A comunicação e a informação no nosso dia-a-dia são cada vez mais mediadas por tecnologias digitais. A quantidade, a intensidade e a velocidade dos dados, sinais e mensagens tornam difícil a cada um situar-se e orientar-se no caudal de estímulos e possibilidades, podendo até provocar desorientação e incomunicabilidade. Por isso há aprendizagens, umas simples e outras mais demoradas e complexas, que nos são exigidas, para habitar a nova “ecologia dos media”.
Esta perspectiva ecológica foi proposta vai para meio
século, por Neil Postman, o qual, por sua vez, se inspirou em Marshall McLuhan.
Para eles, cada tecnologia – digamos, a televisão, a rádio, um videojogo - configuram
e transportam consigo uma cultura que molda as representações e visões do mundo
e influi nas atitudes e comportamentos. Não o faz de uma forma mecânica e
imediatista, mas através do uso reiterado. Expressões como “um meio é uma
tecnologia no seio da qual se desenvolve uma cultura” (Postman) ou, de uma
forma ainda mais sintética e quase provocatória, “o meio é a mensagem”
(McLuhan) dizem bastante deste modo de entendimento da relação entre os media e
a sociedade.
A Internet é, neste quadro, considerada pelo senso comum, o
filho mais novo dessa série impressionante de meios de informar e comunicar que
a contemporaneidade tem conhecido. Mas
não apenas mais um, dado que, neste caso, como, em menor escala, já tinha
acontecido com a TV e a rádio, nós encontramos um meio ambiente mais alargado,
pautado por lógicas informativas e comunicacionais diversas, incorporando
formas antigas, criando e combinando novas e abrindo campo a novas práticas e a
novas relações. Basta considerar o que representa de ruptura, inovação e
desafio a lectoescritura hipertextual e os aspetos didáticos, culturais , éticos e políticos a
ela associados.
Claro que quem não aprende a viver, a relacionar-se e a
respirar saudavelmente neste novo ambiente corre riscos de exclusão. Mas também
é verdade que esta ecologia, por muito central que seja, supõe abertura e
conjugação com os ambientes mais amplos das relações face a face, do tempo que
nos damos para estar connosco (desconectados das tecnologias), do tempo para
criar e repensar projectos e compromissos.
Nas novas redes, como nas velhas, tanto nos enredamos, como buscamos
novas energias e solidariedades.
(texto publicado no diário digital Página 1, da Renascença, em 15.4.2013)
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