terça-feira, fevereiro 21, 2012

O que fazer com os media (nota a propósito da jornada de 3 de Maio)


Está neste momento a ser lançada no país uma operação que constitui um desafio à nossa inércia e à nossa consciência: dedicar um dia – 3 de Maio próximo – a refletir sobre o lugar e o sentido que teem os meios de comunicação, novos e tradicionais, na nossa vida. Em torno do mote “Um dia com os media”, cada qual, individualmente ou em grupo, em família, no seu trabalho ou no seu lazer, tomará as iniciativas que entender mais adequadas.
Muitas vezes expressamos a preocupação sobre o que os media fazem às pessoas, mas menos vezes nos preocupamos com o que as pessoas fazem com os media – quanto tempo lhes dedicam, que procuram e que fazem com o que encontram ou lhes é ‘oferecido’, que contributo dão para a sua melhoria. Dados recentes indicam que o tempo médio gasto pelos portugueses com os media (sobretudo a Internet, televisão e jogos vídeo) continua a crescer (a população idosa queima, por dia, só com a TV, mais de cinco horas). Que significa isto? Que se passa com a leitura? Como estamos a aprender a tirar partido dos recursos e oportunidades que a Internet abre para alargar os  horizontes, para comunicar com os que estão distantes, para resolver necessidades do quotidiano?
Uma atenção muito particular deve ser prestada às novas condições de socialização e formação das crianças e adolescentes, que nascem e crescem no ambiente digital. Mas, cada vez mais, todos nós, mais novos e mais velhos, precisamos de aprender a manejar de forma eficiente as novas ferramentas que a revolução tecnológica e digital coloca ao nosso alcance.
Se todos gostaríamos de viver num local agradável, arejado e tranquilo, com boas vistas, bem servido de acessos e de serviços, porque haveríamos de ser menos exigentes quando se trata dos media, da informação, das artes e da criação? Pensar o que temos, o que nos inquieta, o que desejaríamos ter, o que nos merece críticas e nos suscita aplauso na ecologia comunicacional e mediática é uma preocupação central da jornada do 3 de Maio. Mais do que pensar, é preciso também agir – partilhar as preocupações com outros, comunicá-las a quem de direito, incluindo aos próprios media, que são certamente um parceiro decisivo das mudanças que há que operar. 
(Texto publicado no jornal digital Página 1, de 20.2.2012, sob o título "Um dia com os media")

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