Está neste momento a ser lançada no país uma operação que constitui
um desafio à nossa inércia e à nossa consciência: dedicar um dia – 3 de Maio
próximo – a refletir sobre o lugar e o sentido que teem os meios de comunicação,
novos e tradicionais, na nossa vida. Em torno do mote “Um dia com os media”,
cada qual, individualmente ou em grupo, em família, no seu trabalho ou no seu
lazer, tomará as iniciativas que entender mais adequadas.
Muitas vezes expressamos a preocupação sobre o que os media
fazem às pessoas, mas menos vezes nos preocupamos com o que as pessoas fazem
com os media – quanto tempo lhes dedicam, que procuram e que fazem com o que
encontram ou lhes é ‘oferecido’, que contributo dão para a sua melhoria. Dados
recentes indicam que o tempo médio gasto pelos portugueses com os media
(sobretudo a Internet, televisão e jogos vídeo) continua a crescer (a população
idosa queima, por dia, só com a TV, mais de cinco horas). Que significa isto?
Que se passa com a leitura? Como estamos a aprender a tirar partido dos
recursos e oportunidades que a Internet abre para alargar os horizontes, para comunicar com os que estão
distantes, para resolver necessidades do quotidiano?
Uma atenção muito particular deve ser prestada às novas
condições de socialização e formação das crianças e adolescentes, que nascem e
crescem no ambiente digital. Mas, cada vez mais, todos nós, mais novos e mais
velhos, precisamos de aprender a manejar de forma eficiente as novas
ferramentas que a revolução tecnológica e digital coloca ao nosso alcance.
Se todos gostaríamos de viver num local agradável, arejado e
tranquilo, com boas vistas, bem servido de acessos e de serviços, porque haveríamos
de ser menos exigentes quando se trata dos media, da informação, das artes e da
criação? Pensar o que temos, o que nos inquieta, o que desejaríamos ter, o que
nos merece críticas e nos suscita aplauso na ecologia comunicacional e
mediática é uma preocupação central da jornada do 3 de Maio. Mais do que pensar, é preciso
também agir – partilhar as preocupações com outros, comunicá-las a quem de
direito, incluindo aos próprios media, que são certamente um parceiro decisivo
das mudanças que há que operar.
(Texto publicado no jornal digital Página 1, de 20.2.2012, sob o título "Um dia com os media")
Sem comentários:
Enviar um comentário