Por uma"literacia digital"

Não é razoável desenvolver, nos dias de hoje, iniciativas de educação para os media sem ter presente o quadro do digital, que envolve os media convencionais, mas também novos media e outras formas de comunicação, como é o caso dos blogues. Esta é uma das notas mais importantes que está a ser salientada pelos participantes de um seminário euro-mediterrânico de educação para os media, que decorre hoje e amanhã em Paris. A essa formação poder-se-ia chamar literacia digital.

Educação para os Media em Movimento

Tal como foi anunciado, o Movimento Educação para os Media (MEM) foi apresentado publicamente segunda-feira na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento em Lisboa. A sessão contou com as intervenções de Rui Machete, Presidente daquela Fundação, de Isabel Soares Carneiro, Presidente da Direcção do MEM, de José Sasportes Presidente da Comissão Nacional da UNESCO e de José Manuel Fernandes, Director do jornal 'Público'. Todos os intervenientes realçaram a importância da promoção da educação para os media na sociedade portuguesa - à semelhança do que acontece já, de forma sistemática e consistente, em países como a Suécia, a Noruega, a França e a Espanha, entre outros - com o objectivo de formar públicos mais exigentes e, consequentemente, de media também mais exigentes e de maior qualidade.
O conceito de educação para os media é entendido, pelos proponentes do Movimento, numa perspectiva de educação para a cidadania, como, aliás, tem sido preconizado nos vários documentos e propostas elaboradas por Manuel Pinto neste domínio.
José Manuel Fernandes sublinhou a importância e a necessidade, ao nível da imprensa escrita, de se desenvolver, primeiramente, hábitos de leitura, de se criar leitores, para se poder então actuar ao nível da formação do consumidor dos media.
Durante a sessão foi também proferida uma palestra por Margarida Ruas sobre "Os Mitos contemporâneos na comunicação" e assinado um protocolo com o Agrupamento de Escolas do Bairro Padre Cruz, um acto que pretendeu simbolizar as redes que o Movimento pretende dinamizar.
Do programa de acção para o próximo ano constam a elaboração de um estudo sobre a Educação para os Media em Portugal, a realização de um encontro nacional e a produção de conteúdos pedagógicos nesta área.
Partilhando o desejo expresso pela Presidente do Movimento na sua intervenção, esperamos que o MEM possa realmente prestar um serviço à sociedade portuguesa, contribuindo para a alfabetização mediática de todos cidadãos, em particular das crianças e dos jovens.

Contactos do MEM:
Rua Francisco Metrass, nº 58 - 2º Esq.
mmedia@portugalmail.pt

Apresentação pública do Movimento Educação para os Media

O Movimento Educação para os Media (MEM), já divulgado neste espaço, vai ser apresentado no próximo dia 18, terça-feira, pelas 16h, no Auditório da Fundação Luso-Americana em Lisboa. O Movimento está acreditado como Centro da UNESCO contando também com a pareceria da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
No documentado orientador e no programa do MEM estão delineados um conjunto de objectivos e de propostas de acção que visam promover a Educação para os Media no sentido de desenvolver o espírito e a capacidade crítica dos cidadãos em relação aos media em geral, de fomentar a aceitação do pluralismo, de educar para os valores e de contribuir para a aprendizagem da democracia.
Tal como refere o documento de apresentação, o Movimento "pretende ser o dinamizador de uma rede de escolas, juntas de freguesia, associações e outra instituições, públicas ou privadas, que se proponham seguir uma linha de rumo coerente e sistematizada, na Educação para os Media".

Os jovens, os media e respectivos conteúdos e a actividade política

O volume 26 (nº 1), relativo a 2005, da revista Nordicom Review publica o artigo de Christian Buttner The Protection of Minors Against Harmful Media Content in Europe - How European Film Classifiers View Childhood and Adolescence, o qual:

"On the basis of interviews conducted with leading classifiers in Great Britain, Sweden, Denmark, France, Portugal, Spain and Ireland, the considerable differences in the rationales behind the respective national classification concepts are examined in terms of how children and adolescents in Europe are granted autonomy and responsibility, and what role parents play in this".

Publica ainda o artigo de Tobias Olsson Young Citizens, ICTs and Learning - A Design for a Study of the Media and Political Activity, o qual se debruça sobre a relação enttre os media e a actividade política de jovens dos 16 aos 19 anos, analisando as seguintes questões:

• What are the traditional media?s significance ? in general ? and the new ICTs? ? in particular ? for young people in their role and identity as citizens?
• Of special interest is the notion of learning: how do young citizens use the traditional media and the new ICTs to learn what they need to know in order to become active citizens?

Consumo de media comanda tempo quotidiano

Quem o afirma é a Ball State University, dos EUA, naquele que é apresentado como o mais abrangente estudo observacional do uso dos media até hoje realizado.
Algumas notas e resultados:
"The average American spends more time using media devices - television, radio, iPods and cell phones - than any other activity while awake".
Key findings of the research include:

* About 30 percent of the observed waking day was spent with media as the sole activity versus 20.8 percent for work activity, while an additional 39 percent of the day was spent with media while involved in some other activity
* In any given hour no less than 30 percent of those studied were engaged in some way with television, and in some hours of the day that figure rose to 70 percent
* While television is still by far the dominant medium in terms of the time average Americans spend daily with media at 240.9 minutes, the computer has emerged as the second most significant media device at about 120 minutes
* About 30 percent of all media time is spent exposed to more than one medium at a time
* People ages 18 to 24 spend less time online than any other age group except those older than 65
* Levels of concurrent media exposure were higher among those 40 to 65 than people 18 to 39
* Women spend more time multitasking with two or more types of media than men
* Use of the Web, e-mail and phones is substantially higher on Fridays than any other day of the week.

Crianças e Media: Da informação à Participação

Cátia Candeias escreve, no mais recente número de "Jornalismo e Jornalistas", um texto sobre o papel da informação na relação das crianças com os media, de que deixo aqui a introdução:

"Partindo da ideia do investigador inglês David Buckingham, de que as ?notícias são o principal meio de acesso à esfera pública?, compreendemos a importância do consumo de informação desde a mais tenra idade. Até há bem pouco tempo, porém, vigorava a ideia de que as notícias eram apenas para os adultos, e de que os mais novos não se interessavam por elas.
Pouco a pouco, o panorama foi-se alterando. Para isso contribuiu em muito a Convenção dos Direitos da Criança, em 1989, que definiu como direito o acesso à informação, e salientou a importância da liberdade de expressão e participação das crianças nos meios de comunicação social. É certo que os mais novos continuam a ser vistos como aliados comerciais poderosíssimos, e que muito do que é produzido para eles tem, por isso mesmo, um fim comercial. No entanto, as diferenças saltam à vista quando se comparam as publicações e os programas de televisão e rádio que se fazem em Portugal para estas faixas etárias. Acompanhe-nos então nesta viagem pelo mundo da informação que é feita no país para e não só por crianças como para pré-adolescentes, ou mais comumente os chamados tweenies (crianças entre os 8 e os 12 anos). Recorde-se, porém, que as fronteiras entre informação e entretenimento neste tipo de publicações e programas que vão ser apresentados se diluem com alguma facilidade, no sentido, dizem os seus produtores, de ?cativar a atenção dos mais novos?. (...)
Continuação: aqui.