segunda-feira, janeiro 31, 2005

"Uma carta vinda de Espanha"

Sob este título, a coluna de Maria Barroso desta semana no Diário Económico diz o seguinte:

"Acabo de receber uma carta de Espanha que me provocou uma muito grande e emocionada satisfação. Trata-se de uma carta enviada pelo primeiro-ministro de Espanha ? Presidente do Governo daquele país ? que não conheço pessoalmente mas que admiro muito pela corajosa política que, desde a sua chegada ao poder, tem promovido.(...) A alegria que José Luis Rodriguez Zapatero me deu ao responder a uma carta que lhe dirigi reforçou a minha imensa consideração e admiração por ele. Eu tinha lido uma sua notável entrevista no jornal espanhol ?El País? e, sobretudo tinha ficado impressionada com a importância que ele dava ao sector dos media. A sua posição e preocupações coincidiam com as minhas, tal como as suas intenções de tomar medidas para diminuir, se não eliminar, o impacto altamente negativo dos media ? e sobretudo a televisão ? na formação e educação das crianças e dos jovens. Como talvez alguns se lembrem, desde há muitos anos que me bato por uma televisão que apresente programas que sejam transmissões de mensagens positivas, em substituição dos que hoje nos oferecem e que contribuem, perigosamente, para a deformação e deseducação das mais novas gerações. Não preconizei nunca a censura porque dela fomos vítimas durante quase meio século e sabemos como ela nos fechou para o resto do mundo, escondendo à população as vantagens da democracia e da liberdade, vividas noutros países, cerrando horizontes sobre tudo o que nos cercava - era o tempo do ?orgulhosamente sós!?
Muitos sorriram com as minhas apreensões, acusando-me de moralista ou antiquada na minha visão do mundo. É verdade que alguns deles, muito honesta e claramente, fizeram um mea culpa em relação às suas anteriores atitudes, animando-me e estimulando-me com a sua nova visão destes problemas. É evidente que a notável entrevista do Presidente Zapatero me animou ainda mais e fez que não contivesse a minha grande satisfação e lhe desse conta do meu desejo de que juntos - neste espaço em que se inscrevem os nossos países e que tão belamente foi cantado por Miguel Torga nos admiráveis ?Poemas Ibéricos? ? pudéssemos dar força a um movimento que estou tentando criar, em paralelo com um outro já existente no Norte da Europa ? o ?Nordicom? ? e, que com ele, poderá estender-se a toda a Europa e ao Mundo.Temos já aqui em Portugal o apoio da Universidade de Aveiro que prometeu criar um laboratório de pesquisa da violência e estou convencida que outras grandes Universidades se juntarão a nós neste desejo de contribuir para a melhoria da sociedade. Diz-me o ilustre Presidente do Governo - ?Devo dizer-lhe também que me agrada coincidir consigo na sua crescente preocupação com os conteúdos que transmitem os meios de comunicação, e especialmente, a televisão. Como você bem sabe, o meu Governo foi dos primeiros que chegou a um acordo com os operadores televisivos nacionais com o objectivo de proteger os mais jovens. Não se trata, como você bem diz na sua carta, de censurar, mas sim de colocar publicamente a necessidade de debater o que estamos vendo na televisão, analisar se as consequências destas contendas são ou não positivas para o conjunto da sociedade e ver como resolver os problemas que sem dúvida coloca. E, desde logo, como já estamos fazendo em Espanha, afirmar a necessidade de que os meios públicos sejam exemplares neste sentido e proponham uma programação enriquecedora?.

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