Na última edição da Notícias Magazine, este trabalho de Helena Mendonça, sobre o estudo em curso na Universidade do Porto "A literacia informacional no Espaço Europeu do Ensino Superior: estudo da situação das competências da informação em Portugal (eLit.pt)", coordenado por Armando Malheiro:
Um resumo:
"O ciberespaço é o seu meio de eleição. Movem-se com destreza sobre os teclados e nos universos virtuais dos jogos, da música, da informação. Os jovens de hoje são exímios utilizadores dos computadores e da internet mas nem por isso são gente mais informada. Pelo contrário. Apesar de 99 por cento deles possuírem e manipularem as novas tecnologias, manifestam uma confrangedora incompetência ao nível da pesquisa, selecção, tratamento e transformação da informação que seleccionam. Fazem copy paste com naturalidade. A «iliteracia informacional» está a reduzir os estudantes a «níveis mínimos de sobrevivência». O pior é que a maioria considera suficiente a sua capacidade de pesquisar, avaliar e seleccionar os resultados para responder às necessidades pessoais e escolares. Conclusões de um estudo em Ciência da Informação, coordenado por Armando Malheiro, da Universidade do Porto."
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
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2 comentários:
Tenho em casa esta geração 'copy paste' e luto, quase diariamente, para contradizer esta tendência. Lamentavelmente, as disciplinas em que tais competências podem ser desenvolvidas, por exemplo, Formação Cívica e Área de Projecto, são, elas próprias, com frequência, espaços 'copy paste' ou 'paste copy'. Não seria mais interessante debater com os alunos, numa dessas disciplinas, artigos como este, que levantam questões realmente importantes e pertinentes para a vida de um estudante, do que mandá-los fazer um trabalho sobre hortas domésticas? É este o tema do trabalho que o meu filho, de 10 anos de idade, a frequentar o 5º ano, está a desenvolver para Área Projecto, usando essa fórmula, para ele infalível, do 'copy paste'. Para isto, preferia mesmo que ele aprendesse, de facto, a plantar batatas...
Obrigado pela indicação. Gostei bastante do texto da Notícias Magazine, que dá conta de uma investigação também ela interessante.
Acredito que a “pesquisa na net” é um dos grandes equívocos, nomeadamente no contexto da escola, quer ao nível de políticas ou de projectos de intervenção, de práticas de aprendizagem, e até em resultados de investigações (tenho dificuldade em validar um dos parâmetros que é apresentado como mais vezes referido pelas crianças, a pesquisa para trabalhos escolares).
Há dias, foi sugerido aos participantes de uma actividade que encontrassem através de uma pesquisa rápida precisamente na net o que era um “blogue”, “rede sociais” e “wikipedia”. Então, a maioria não conseguiu compreender nenhum dos conceitos, limitando-se a ler o que aparecia no primeiro resultado de pesquisa, não dando atenção à fonte utilizada, que foi a própria wikipedia. Já agora, os participantes desta actividade eram professores.
Isto significa que pesquisar na internet é algo complexo, como processo de compreensão de informação e aquisição de conhecimento que é, e que não pode ficar à mercê das crianças, envolvidas por uma aura que acaba por prejudicá-las: a de uma geração com predisposição para lidar com as tecnologias tomada como sinónimo de que já sabem fazer tudo.
Regra geral, os alunos não encontram espaços na escola para pensar estas questões, para conhecerem o funcionamento dos motores de busca, de estratégias diversificadas de pesquisa, organização e partilha de informação. Como supostamente as crianças já dominam as tecnologias, basta um “vão pesquisar à net”, sem quaisquer orientações. Para, no final, e paradoxalmente, se atirar que “os alunos não sabem pesquisar”. Mas alguém os ensinou?
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