quarta-feira, maio 27, 2009

"A internet, em si, não é boa nem má..."

É já lugar comum dizer-se que "A internet, em si, não é boa nem má. Depende do uso que dela fazemos". Quem diz a Internet, diz os outros media (se considerarmos que a internet é 'apenas' um novo meio, o que não é líquido que seja).
Mas o senso comum campeia também nos estudos académicos, não sendo invulgar encontrá-lo plasmado em artigos científicos. Ouvi há dias um catedrático de sociologia voltar a repetir a frase numa sessão pública e, neste caso, custou-me ouvir. Porque é precisamente do olhar sociológico que vem, a meu ver, o principal questionamento da asserção da neutralidade dos suportes, ambientes ou veículos.
Só para tomar o caso da Internet, não é verdade que a configuração que ela tem hoje (e que é permanentemente mutante) é bastante diferente dos primeiros anos? As mudanças não residem apenas nos usos, mas, digamos, assim, na natureza do meio. E esta pode não ser "boa nem má", mas não é certamente neutra, já que se constitui como matriz de determinado tipo de usos e de relações com as ferramentas.
O significado da internet e dos outros media não depende apenas do uso que dela fazemos. Depende também da configuração que esses suportes e ambientes adquirem num determinado tempo e num determinado espaço.

2 comentários:

Anónimo disse...

Atrevo-me a estender, se me permite, as afirmações do Prof. Manuel Pinto ao outro media que apareceu, na primeira página do Diário de Noticias, no passado dia 24 de Maio, como sendo "perigoso para os bebés" - a televisão!

Sandra Cristina Silva

Sole disse...

Está bien decir que el significado no depende sólo del uso, pero la naturaleza del soporte no es en sí misma "buena" o "mala". El soporte puede tener ciertas características que mutan, cambian y no la hacen neutra, pero tampoco la hacen buena o mala. Es decir, coincido con rechazar las visiones que adjudican naturalezas buenas o malas a los soportes y medios de comunicación: la tele, internet; etc. En sí el medio tiene determinadas características, pero es el humano quien define el bien y mal (hasta la misma definición de lo que está bien y lo que está mal). En el caso de internet, hay una tendencia en cierta parte de la población a tener una actitud de rechazo a lo que viene de internet, como si los secuestros, la pornografía, u otras cosas, existeiran porque existe internet. Esas cosas existen porque existen humanos, y las posibilidades de asociación para el delito que algunas personas puedan encontrar en internet, no hacen responsable a la herramienta. Son las mismas posibilidades que otros eligen para cosas más sanas. Por eso, me parece bien defender la "neutralidad moral" de la herramienta. Eso no quiere decir que los significados se limiten al uso. Quizá los significados se pueden encontrar en el uso, y sean limitados o acotados por las características de la herramienta, entre otras cosas (como el contexto, etc). Es decir, la herramienta no es totalmente neutral, es "moralmente neutral".

Saludos,

Soledad