Chega-nos a notícia da morte de Pierre Babin, ontem ocorida, em Lyon, França. O nome não dirá provavelmente muito a muitos leitores, a não ser a quem se interessou por um livro seu, não há muitos anos editado em Portugal - "Linguagem e Cultura dos Media" - que hoje se encontra esgotado e apenas disponível em algumas bibliotecas. No entanto, Babin é um nome de referência internacional, no cruzamento da comunicação com a educação.
Influenciado por autores aparentemente tão diferentes como C.G. Jung (psicanálise e cultura, antropologia do simbólico) ou por Marshal McLuhan, com quem trabalhou e publicou, Pierre Babin nasceu em França, em 1925, filho de comerciantes, numa família muito religiosa. Dessa fase guardou um "fascínio pelo sagrado", mas igualmente "o sentimento da opressão de uma moral que não se discute". Fez-se padre nos Oblatas, mas sempre com grandes inquietações e, em alguns momentos, bastantes dúvidas. Acabaria a trabalhar num colégio, na formação de adolescentes, em cujo meio foi amadurecendo a ideia de que era necessário educar de outro modo, tirando partido da energia, da sensibilidade e das potencialidades desta fase da vida. Sobretudo, vai-se tornando nítido, para ele, que, na educação em geral e na educação religiosa em particular, importa não partir da teologia ou do dogma, mas da vida dos educandos. A partir de finais dos anos 50, vai dar aulas e estudar para o Canadá e visita os Estados Unidos. Abre-se a uma perspetiva universalista que vai crescer à medida que as suas obras (inicialmente centradas na educação religiosa dos adolescentes) vão sendo conhecidas e traduzidas. Viaja por um grade número de países, entre os quais Portugal.
No seguimento da interpelação de um pastor suiço, que o alertou para o facto de, naqueles anos 60, as pessoas "falarem audiovisual", começa a desenvolver propostas nesse terreno. Propõe o método de animação de grupos que designou por "fotolinguagem", no âmbito do qual cada grupo recebe vinte fotos e é convidado, através do diálogo, a identificar um valor associado a cada uma delas.
A verdadeira "revolução coperniciana", no entanto, vai ser, para ele, o encontro com as ideias de propostas de McLuhan, que lhe dá a noção de que o audiovisual não é apenas uma outra linguagem, mas um outro modo de ser e de comunicar, uma nova cultura, no qual, a par da razão, se resgata a emoção, a afetividade, a subjetividade. Estas novas perspetivas desenvolvem-se a partir de um centro de formação internacional que criou em Lyon, o CREC-AVECX. O seu laboratório vai progressivamente apostar na noção de "group media" (em contraposição a mass media), ferramentas simples, facilmente acessíveis,construídas e multiplicadas (montagens, recortes, sons, diapositivos, pequenos filmes...), resultado de percursos pedagógicos que partem das experiências das pessoas, traduzidas/ilustradas em imagens e em sons, através da (e tendo como resultado) a palavra). Os seus livros, propondo ideias novas salientam-se sempre por serem fruto de experiências. Por alguma razão boa parte deles, a partir dos anos 70, são coletivos. Para ele é preciso sentir, para compreender. O sentido advém da sensação e da emoção, em situação de imersão. "A compreensão é fruto da distância que se estabelece depois da imersão", sublinha ele no livro "Novos modos de compreender", que assina com a psicóloga Marie-France Kouloumdjian.
Uma nota: a influência de Babin em Portugal poderia ser objeto de uma pesquisa. Bastará dizer que é desta escola que 'nascem' profissionais como o Cónego António Rego, o docente de cinema da UCatólica Carlos Capucho ou o jornalista da TSF Manuel Vilas Boas, que, após a sua estadia no CREC, em Lyon, ousaram lançar, em 1979, no serviço público o programa televisivo 70x7.
quinta-feira, maio 10, 2012
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1 comentário:
Compañerxs: les dejamos una invitación que creemos puede ser de su interés! Saludos desde La Plata, Argentina
PRIMERA CIRCULAR
CONGRESO COMEDU
Desafíos de Comunicación/Educación en tiempos de restitución de lo público
13 y 14 de septiembre de 2012
Facultad de Periodismo y Comunicación Social de la Universidad Nacional de la Plata. La Plata.
Argentina.
PRESENTACIÓN
A partir del año 2003 comienza en la Argentina un período con luces y sombras, con logros y
desafíos, que abre un lento pero firme proceso de restitución del Estado argentino, basado en
gran medida en la recuperación de las memorias históricas, en la reconstrucción de la justicia
social, en la voluntad de integración latinoamericana, en la iniciativa de las políticas públicas
populares, etc.
En este escenario se hace fundamental volver a pensar el campo de las ciencias sociales en
general, pero sobre todo, aquellas que se han cimentado en el concepto de lo público y que han
visto, a lo largo de la última década del siglo pasado, desmantelar y vaciar de sentido a muchos
objetos de estudio de su área.
Por lo tanto, retomar los debates que definieron los objetos, los sujetos y los ámbitos de
Comunicación/Educación en un escenario de restitución de lo público, implica recuperar los
discursos de la pérdida para reformularlos, pero también indagar acerca de los nuevos modos en
que estas dimensiones aparecen en un escenario de reparación.
OBJETIVOS Potenciar un diálogo con diferentes actores del campo de Comunicación/Educación –
investigadores/as, miembros de organizaciones sociales, docentes, educadores/as
populares, etc.‐ para problematizar el campo y redefinir los límites y los alcances del
mismo en el escenario actual latinoamericano. Reflexionar sobre el sentido político‐cultural de Comunicación/Educación en la actualidad. Construir una agenda temática sobre las discusiones constitutivas del campo de
Comunicación/Educación. Generar instancias y espacios de trabajo conjunto para la producción de conocimientos
anclados en lo social, tendientes a la transformación de la realidad, con especial atención
en el contexto latinoamericano. Contribuir al abordaje de nuevas líneas de pensamiento y de trabajo en torno de los
objetos y los problemas contemporáneos en el campo de la comunicación/educación.
- Fecha de Inscripción: a partir del 1ero de Junio.
- Fecha de envío de resúmenes: del 1 de Junio al 31 de Julio.
- Fecha de envío de Ponencias: hasta el 15 de agosto.
Consultas: comedu@perio.unlp.edu.ar
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