Escrevia Carr em 2008: "ao longo dos anos tenho vindo a ter uma sensação desconfortável de que alguém, ou algo, está a mexer com o meu cérebro, reestruturando os circuitos neurais, reprogramando a memória. A minha mente não se está a ir, mas está a mudar. Não penso como dantes. Noto-o em particular quando estou a ler. Ficar imerso num livro ou num longo artigo costumava ser fácil. A minha mente era agarrada pela narrativa ou pelos argumentos e eu passava horas a virar páginas com largos pedaços de prosa. Isso raramente acontece hoje. A minha concentração começa a divagar depois de duas ou três páginas".
O artigo do The Observer faz uma recolha variada dos argumentos a favor e contra esta ideia. Pelo que me é dado a perceber, a maioria dos cientistas são contra a existência de tal manipulação. Num artigo de opinião recente no Los Angeles Times, dois professores de psicologia mostravam-se veementemente contra esta sugestão. Contudo, deixavam um alerta pendente. "O Google não nos está a tornar estúpidos, o PowerPoint não está a destruir a literatura e a Internet não está a mudar os nossos cérebros. Mas podem bem estar a fazer-nos pensar que somos mais inteligentes do que realmente somos e isso é perigoso".
Outro professor de psicologia, desta vez no New York Times, seguia a mesma ideia. "Os críticos dos novos media usam, por vezes, ciência para apoiar os seus argumentos, mostrando como 'a experiência pode mudar os cérebros'. Mas os neurocientistas cognitivos reviram os olhos perante tais conversas. (...) A experiência não altera as capacidades básicas de processamento de informação do cérebro."
Um outro interessante artigo do The Guardian também retratava o debate actual sobre estes temas, ao falar da emergência do slow reading, na sequência dos movimentos de slow food.
Sendo época de férias, porém, aproveite-se para pôr à prova estas ideias ao ler um livro na praia ou no jardim e depois ver se se chega a alguma conclusão.
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