sexta-feira, dezembro 14, 2007

Fractura digital

Sob este título, Carlos Zorrinho, coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, tem hoje um texto no Público, cuja leitura se recomenda.
Não seremos tão entusiastas como Zorrinho, quanto aos méritos do caminho seguido em Portugal para superar esse fosso digital, até porque não vemos, bem recortada a aposta na literacia digital assumida como formação multidimensional para a cidadania. Mas o problema é certamente pertinente e merece que, com base neste e noutros contributos, nos debrucemos sobre ele.

Uma síntese das ideias do autor:

"O mundo tem progredido tecnologicamente de forma acelerada. (...)No entanto, este aumento de riqueza global não tem permitido reduzir as desigualdades de acesso aos bens essenciais e à educação entre regiões e entre estratos sociais. (...)
A fractura digital cava uma base de desigualdade que nenhuma política isolada, por mais progressista que seja, consegue combater. A chamada "sociedade do conhecimento" é cada vez mais uma terra de ninguém que separa uma minoria que já vive no mundo do pós-conhecimento (economia global baseada no valor do capital intelectual) e a maioria que ficou amarrada ao mundo do pré-conhecimento (economia local baseada na subsistência).
A promoção da inclusão das pessoas na sociedade do conhecimento, a formação generalizada na utilização das tecnologias e o acesso aos computadores não é uma questão meramente tecnológica. Pelo contrário, ela constitui um importante motor de combate às desigualdades e de promoção da igualdade de oportunidades.
(...) Num ensaio recentemente publicado em português, Breve História do Futuro, Jacques Attali leva ao extremo o impacto prospectivo da fractura digital. Para Attali, o mundo global vai tornar-se nas próximas décadas um hipermundo com lideranças policêntricas. Na sua primeira forma, o hipermundo será um hiperimpério das elites conectadas. Depois a desigualdade extrema levará a um hiperconflito e finalmente, antevê Attali, daqui a 50 anos tudo estabilizará numa hiperdemocracia estável e regulada.
Boa notícia para os nossos filhos e netos que entretanto sobreviverem aos tempos difíceis que se aproximam!"

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