Li com atenção o artigo de Bárbara Wong, que vem hoje no caderno P2 do Público, intitulado "Menos televisão e mais conversa com os bebés", e segundo o qual "séries com cariz pedagógico e educacional podem não ajudar as crianças a desenvolver-se". Refere-se a uma investigação feita nos Estados Unidos da América, que se inscreve numa posição defendida desde há anos pela American Academy of Pediatrics (AAP), segundo a qual os bebés com menos de dois anos não deveriam ver televisão. Nem mesmo programas educativos de qualidade, conclui a pesquisa agora referenciada neste artigo, já que "por cada hora que os bebés dos oito aos 16 meses vêem os filmes de vídeo ou desenhos animados feitos a pensar nas suas idades, sabem seis a oito vezes menos palavras do que as outras crianças".
Os autores da investigação(Frederick J. Zimmerman, Dimitri A. Christakis e Andrew N. Meltzoff), da universidade de Washington e de um centro de pesquisa de um hospital de crianças de Seattle, não vão tão longe e, cientes de que a indicação da AAP não é seguida, concluem que os pais que têm por hábito deixar os filhos verem programas de TV ou vídeos educativos deveriam, pelo menos, acompanhá-los nesses tempos.
E o caso não é de somenos: segundo os resultados apurados, pelos três meses, cerca de 40 por cento das crianças vêem regularmente TV, DVDs ou vídeos e aos dois anos essa percentagem sobe para 90 por cento.
Espicaçado pelo artigo do Público, fui à procura do texto original que vem publicado e está integralmente acessível nos Archives of Pediatric and Adolescent Medicine (2007; nº 161:473-479). Intitula-se Television and DVD/Video Viewing in Children Younger Than 2 Years.
Algumas conclusões mais deste estudo que seria interessante replicar e enriquecer numa realidade como a nossa:
- The results here show that only 32% of parents report watching television or videos with their child every time the child watches. Responses to similar questions in 2 previous studies range from 26% to 47%. This finding is noteworthy in the context of the claim by producers of content for young children that their goal is to promote parent-child interaction.
- It is a common view that parents turn to television and DVDs/videos as an electronic babysitter for their children. The results here support a more nuanced picture that has emerged in the literature, one that suggests that babysitting is in fact not the single overriding reason children watch television.In reporting on the reasons for having their children watch television or DVDs/videos, parents themselves emphasize the educational potential first.
- Another reason is that viewing is perceived by the parents to be fun or relaxing for the child. About 1 in 5 parents cited a need to get things done as a major reason for having their children watch television or videos.
(Crédito da foto: Science)
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